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Por Redação
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As estimativas para o crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre de 2013, em relação ao trimestre anterior, já estiveram em 1,5% e agora, às vésperas da divulgação do número oficial pelo IBGE, previsto para esta quarta-feira, recuaram para 0,8%. Pelas indicações conhecidas, no entanto, será mais surpreendente se o IBGE anunciar uma expansão trimestral abaixo do ponto mediano das estimativas - 0,6%, por exemplo - do que acima - em torno de 1%.

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De todo modo, tudo indica que o ritmo do primeiro trimestre não se repetirá nos restantes trimestres do ano. Se só ficar na marca mediana de 0,8%, o avanço da economia, nos primeiros três meses do ano, alcançaria a taxa anualizada de 3,2%, acima do que, no momento, os especialistas esperam para o ano como um todo, que é algo entre 2,8% e 3%.

Nas planilhas dos analistas, o crescimento médio trimestral projetado para o resto de 2013 está variando entre 0,6% e 0,7%. É um sinal de que não são esperados grandes solavancos, para cima ou para baixo, daqui para frente. Vistas de outro prisma, essas projeções, que se diferenciam por décimos ou centésimos, estão transmitindo a mensagem de que não se vislumbram, em prazos não muito curtos, maiores margens de manobra para a política econômica.

O que, de fato, vem caracterizando o jogo da economia brasileira em 2013 - e possivelmente se repetirá nos próximos dois ou três anos - é a existência de limites estreitos para a movimentação das peças no tabuleiro das ações econômicas. São variados os exemplos desses limites, mas basta verificar o que já ocorre com as contas externas para dimensionar o problema.

Está cada vez mais nítido que a trajetória no setor externo é de deterioração. A balança comercial exibe agora déficits desconhecidos há mais de uma década e poderá fechar o ano com resultados decepcionantes. Mesmo reconhecendo as fragilidades competitivas brasileiras, são variadas as indicações de que o movimento de desvalorização cambial ocorrido entre 2011 e 2012 foi rápido e acentuado o bastante para impactar os índices de inflação, mas não o suficiente para promover um reequilíbrio das contas externas.

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Sabe-se faz tempo que um conjunto muito acima do normal de "trade offs" - a expressão do jargão dos economistas que designa escolhas conflitantes, em que a solução de um problema pode causar outro - havia se instalado na economia brasileira. As restrições a uma aplicação mais flexível da política cambial é um dos casos mais evidentes, embora nem de longe seja o único desses "trade offs". Eles também podem ser encontrados na política fiscal, que tende a ser expansionista para estimular a economia, mas, ao fazê-lo, pressiona a inflação e exige do Banco Central uma dosagem mais forte nos juros básicos, afetando o setor externo, via câmbio, e o crescimento, via aumento nos custos do crédito.

Por uma coincidência de calendário, a divulgação dos números do PIB do primeiro trimestre se dará no mesmo dia em que os diretores do Banco Central, reunidos no Comitê de Política Monetária (Copom), decidirão a nova taxa de juros pelos próximos 45 dias. Os analistas estão divididos entre um novo aumento de 0,25 ponto porcentual ou uma aceleração para 0,5 ponto, levando a taxa Selic de 7,5% ao ano para 7,75% ou a 8%. Alguns acreditam que, qualquer que seja a escolha, como na reunião de abril, não será unânime - refletindo, pelo menos em parte, essas tantas contradições que assombram a política econômica no momento.

Não há, infelizmente, solução única ou de curto prazo para tantos dilemas. Ainda mais em meio a um ambiente externo marcado por um renitente baixo crescimento - tendência à qual agora parece se juntar a China. Viver na corda bamba de escolhas conflitantes, em resumo, é o que nos espera por um certo tempo.

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