Pressões e sanções

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Por Redação
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Não é para bancar o urubulino, mas faz parte do dever do ofício chamar a atenção para a trajetória de contração da economia brasileira. Se até o fim do segundo trimestre a freada não era nada clara - os indicadores, como se diz quando os mercados apontam em direções diferentes, apresentavam tendências mistas -, está ficando cada vez mais evidente que a economia brasileira embicou para baixo.

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Neste momento de pressões inflacionárias pelo lado do câmbio e, no futuro já contratado, pela alta taxa de reajuste do salário mínimo, não se pode analisar a conjuntura econômica sem levar essa tendência em conta. A concretização, sob a forma de alta nos índices de inflação, dessas pressões depende não só da persistência delas no tempo. É função também do comportamento da demanda, reflexo resumido do ritmo da atividade econômica. É uma demanda mais ou menos aquecida que pode sancionar - ou não - essas pressões.

Ao longo do ano, o desempenho da economia vem subindo no telhado. As estimativas de crescimento foram fazendo água. Os 4,5% projetados no primeiro boletim Focus de 2011 contraíram-se a 3,5%, no último de setembro. Um recuo ainda maior, no rumo de 3%, com viés de baixa, no fim do ano, é uma boa aposta.

As informações oferecidas, nesta sexta-feira, pelo economista Aloísio Campelo, superintendente adjunto de ciclos econômicos da FGV-RJ, reforçam essa impressão baixista. Segundo Campelo, o nível de utilização da capacidade instalada repetiu em setembro o índice de 83,6% registrado em agosto e pode chegar ao fim do ano abaixo da média histórica de 83,3%. "Dadas as condições menos favoráveis da demanda interna e o fato de o atual patamar estar em uma marca muito próxima da média histórica, é possível ocorrer a oscilação para baixo nos próximos três meses", afirmou Campelo ao colega Ricardo Leopoldo, da Agência Estado.

Segundo Campelo, a sondagem conjuntural da indústria de transformação, realizada pela FGV, permite prever uma queda no emprego, no quarto trimestre, inferior à média histórica apurada desde janeiro de 2003. Campelo considera que a tendência do emprego industrial é cair até dezembro.E, naturalmente, apurou que o ânimo empresarial para investir se apresenta desfavorável.

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Por essas e outras, repito aqui o que escrevi no post de ontem: "hoje, a inflação pressiona. Daqui a alguns meses, a pressão pode vir no sentido contrário, em razão de desânimo na economia."

 

 

 

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