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Quando o já se encontra com o ainda

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Por Redação
Atualização:

Pode parecer que não, mas o (des) emprego industrial está cumprindo, ao seu modo, o destino da economia brasileira, em 2009. A queda registrada pelo IBGE em março, a maior desde 2001, quando a atual série estatística começou a ser levantada, não fugiu ao padrão geral. Sem dúvida, pode passar a impressão de que as coisas estão piorando. Mas, na verdade, revela que o processo começou a parar de piorar.

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Como em outras áreas da economia, as comparações mês contra mês indicam redução no ritmo de queda. Mas, em relação ao ano passado, o buraco continua fundo. Só que, no caso do emprego, é preciso levar em conta algumas peculiaridades.

No caso da produção e das vendas, março foi, na maior parte dos setores, o mês em apareceram os primeiros sinais de um tímido início de retomada. No caso do emprego, porém, o último mês do primeiro trimestre mostrou um aprofundamento da queda, em relação a fevereiro.

É muito provável que a queda, mês a mês, ainda se acentue, embora sempre a um ritmo mais suave, até pelo menos a virada do semestre. Em relação ao ano anterior, portanto, antes de melhorar, vai piorar ainda mais forte.

Basta cotejar a evolução das estatísticas de produção e vendas da indústria com as do emprego industrial. A queda na produção e nas vendas tem sido muito mais forte do que no emprego. Ainda que um não necessariamente precise empatar com o outro, é certo que, até um dado limite, a curva do desemprego tente a acompanhar, com atraso, eis o detalhe, a da produção.

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Características próprias do mercado de trabalho explicam essa defasagem. O emprego é o último a entrar em queda quando a economia se contrai, mas também é um dos últimos a se recuperar quando ocorre a retomada.

A moral da história é que o aumento do desemprego (ou do emprego), embora reflita um esfriamento (ou aquecimento) da economia, sempre chega atrasado. O que torna possível a situação atual: enquanto o desemprego ainda engrossa, a economia já corre mais animada.

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