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Repórter Zé na Copa, arrasado, mas sereno, com a humilhação no Mineirão:

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Por Redação
Atualização:

Não vou ficar aqui falando de um time que começou sem jogada de ataque, com uma defesa porosa e sem ligação no meio de campo. Não vou falar do time que se superou ao longo da Copa e que, mesmo que soubéssemos ser a vitória um sonho, nos permitiu sonhar.

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Também não vou falar das qualidades da Seleção da Alemanha -- seu jogode conjunto, seus craques em profusão, no jogo coerente e eficiente. Eu mesmo registrei esse impressão mais de um vez no decorrer dos jogos.

Não vou falar do esquema que Felipão armou para tentar vencer os alemães. Ele ousou com Bernard e ousou errado, como alguns puderam prever. Se o técnico acertou na maneira de furar o bloqueio alemão, errou na escolha dos jogadores para isso e falhou pior em subestimar o contra-ataque alemão, deixando espaço no meio do campo para a evolução deles.

Também não vou falar da CBF corrupta e anacrônica. Ou do futebol brasileiro jogado no Brasil, de baixo nível técnico, com cartolas tão corruptos ou anacrônicos quanto a entidade do futebol e as federações que a formam. Nem dos técnicos brasileiros, boleiros de quinta categoria, em geral empresários disfarçados de técnicos, por isso mesmo tão corruptos quanto os dirigentes.

Entre tantas inovações mostradas na Copa, destaco a evolução dos goleiros, comprovação de que há trabalho planejado e estruturado, dentro e fora das quatro linhas. O Brasil, celeiro de craques, onde o futebol é parte da alma nacional, não tem nada disso.

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Não vou muito menos falar da campanha de brasileiros contra eles mesmos, talvez por rancor político ou ódio ideológico, mas certamente por ignorância, deseducação e caráter duvidoso -- que já está começando a dar de novo as caras, nem bem a tristeza da derrota humilhante no campo de jogo foi definida.

Tudo isso é verdade, pode explicar a derrota e o tropeço antes da conquista final. Mas nada disso explica os 7 a 1. Os deuses do futebol, muitas vezes do nosso lado, resolveram, neste 8 de julho de 2014, nos castigar. Devemos, aos poucos e com o tempo, decifrar a mensagem.

Sem omitir ou varrer para debaixo do tapete a derrota histórica, a maior já sofrida por uma seleção brasileira, em pleno Século XXI, debaixo do galardão de maior vencedor de Copas do Mundo, quero lembrar -- e guardar na memória -- o milagre brasileiro da Copa das Copas. E tudo de maravilhoso que veio junto com ela.

O Repórter Zé na Copa tem sido uma viagem mais do que prazerosa no tempo e na memória. Uma viagem ao tempo de um jovem jornalista de esportes e, antes disso, ao tempo de um garoto apaixonado por futebol, que vibrou com as conquistas da Seleção desde 1958 e sofreu com suas derrotas. Que aprendeu, no jornalismo, a entender a verdadeira dimensão do esporte, com suas humaníssimas tragédias, dramas e comédias.

Por isso, o Repórter Zé na Copa continua. Pensando nos meninos e meninas que estão agora chorando, alguns ainda sem entender o que aconteceu. Eles precisam saber que, no futebol e na vida, vitórias e derrotas se sucedem, mas que o melhor da vida é viver e que, também no futebol, com as nossas queridas paixões por clubes e pela Seleção, o melhor do futebol é o futebol.

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Viva o futebol!

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