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Opinião|Criatividade com liberdade e coragem

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Atualização:

 

Fonte da imagem:

Obras do acervo do Instituto Fayga Ostrower disponibilizadas pelo instituto em  https://faygaostrower.org.br/acervo/apresentacao.

 

A demanda do momento é por criatividade ou por liberdade? Ou porcoragem? ou por tudo isto junto, misturado e equilibrado?

E agora?

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Nas organizações, pautadas pelo controle, a criatividade é algo difícil de explicar, de ensinar ou aprender, pois requer uma liberdade que entra em tensão dentro de um mundo (organizacional) que foi formatado para manter o status quo.

Qualquer movimento de mudança e de criação requer mobilização, troca, fluidez; características não muito usuais nas organizações bem sucedidas, justamente por seguirem modelos rígidos e inflexíveis, construídos para prender o conhecimento dentro de suas estruturas. Porém, paradoxalmente, a criatividade e inovação necessariamente implicam em aprender e compartilhar.

Para criar é necessário ser capaz de experimentar uma maneira de pensar diferente e de realizar ações concretas. Para viver criatividade e experimentá-la é preciso ter coragem, é necessário saber usar de liberdade com a responsabilidade de colaborar com algo que seja coletivamente útil para merecer ser original.

Quem nos trouxe criatividade como um pensar diferente e um fazer concreto foi a artista plástica, professora e teórica da arte Fayga Ostrower, em sua obra Processos de Criação.  Alemã, imigrante, naturalizada brasileira, Fayga foi uma mulher que vivenciou a busca pela liberdade, teve coragem de sair de seu lugar, experimentar outros, criar, ensinar e, assim, sobreviver.

Assim como Fayga o fez, também as organizações que pretendem criar para inovar precisam oferecer liberdade aos colaboradores, encorajá-los para que saiam do lugar que pode lhes parecer seguro no curto prazo, porém pode arriscar a sobrevivência da organização no longo prazo, caso não haja aprendizagem e criação.

Este tema e também estas provocações são parte das circunstâncias sociais e econômicas atuais, que demandam algo novo, é chamado de inovação e parece ser um imperativo para sobreviver à competição num mercado que, por sua vez, foi desenvolvido, nutrido e sustentado por meio do fazer aquilo que é igual, os padrões e as repetições deles.

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E agora?

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E agora José? A festa acabou, a luz apagou (...) e agora, você? Já perguntava Drummond de Andrade nos anos 1940. Sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José!

Em frente.

Fugir daquilo que se apresenta não me parece algo original e tampouco coletivamente útil. Para seguir, é preciso ter empatia e coragem. Empatia para que o novo seja sustentado já que se trata de uma demanda coletiva, não individual, tampouco individualista. Coragem para aprender com os resultados dos padrões e das repetições já experimentadas; o que inclui assumir erros, ter coragem para expor os erros, além de fazer diferente do que se espera.

Então, pragmaticamente, sob a perspectiva das organizações, o que fazer? O mercado não se encaixa na poesia de Drummond nem nas artes plásticas de Ostrower, mas o mercado demanda, pede, grita que quer inovar e para isto é preciso criar.

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E agora? O que fazer e como fazer? Se, antes mesmo de chegarmos a uma organização para trabalhar, nos formamos em escolas que nos ensinam, justamente, a seguir regras e padrões e nos cobram a partir de avaliações e controles, pois a sobrevivência no mercado de trabalho disso dependia.

E agora?

Penso que agora, é preciso ter coragem, assumir o risco de pensar e também de fazer diferente, para - talvez - sobreviver e então, ter liberdade para criar novamente.

Trata-se de uma nova ordem, de novas organizações onde a sociedade atual tem o privilégio de viver e de poder construir a partir de seus aprendizados. Porém, com um olhar diferente do anterior, mais amplo, coletivo, sistêmico e um fazer que dependa de cada pessoa e também de todas as pessoas, centradas, concentradas e conscientes daquilo que é do humano para o humano, não do mercado para o mercado, mas para Você e para as próximas gerações.

E agora José? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora?

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Adriana Baraldi Foto: Estadão

 

 

 

Adriana Baraldi, professora, pesquisadora e gestora, apaixonada pelo tema criatividade e dedicada a compreendê-lo por meio de lentes teóricas de diferentes disciplinas, mantendo o foco em inovação. Especialista em Design Thinking. Acredita nos bons resultados de trabalhos colaborativos e de boas relações humanas. Amiga de Cláudia Miranda e admiradora de seu trabalho.

 

 

Opinião por Claudia Miranda Gonçalves
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