Imagine a organização como um aquário. Quando observamos o aquário, nosso olhar é atraído para os peixes. Observamos atentamente tudo o que acontece com os peixes e como se comportam. Ao notarmos algo estranho com algum peixe, rapidamente retiramos o peixe da água - chamamos o peixe para um feedback, acionamos o RH, damos alguma diretiva corretiva ou treinamento - e finalmente o devolvemos para a mesma água. Não estamos nos dando conta do que está na água: as toxinas que circundam o peixe e que turvam a água, impedindo que o peixe veja com clareza. Precisamos melhorar nossa capacidade de observar a água e perceber que o comportamento do peixe é resultado de tudo o que acontece ao seu redor e também entre os peixes.
Exatamente essas coisas todas em nossa metáfora que se dão na água e entre os peixes são as coisas com que as pessoas se relacionam no dia a dia dentro das organizações: protocolos, burocracia, gradiente de poder, hierarquia, as políticas, incentivos. Todos esses artefatos e rituais estão na água e mudam/ afetam como os peixes se comportam. Porém, nos fixamos nos peixes e acreditamos que a responsabilidade está neles, mas está na água.
Notar a água significa ter uma perspectiva sistêmica sobre o que está acontecendo.
Ter mais consciência da água também implica que a liderança é um processo que se dá na água e portanto em certo grau é uma responsabilidade coletiva, mesmo que não seja distribuída igualmente.
Assim, além do desafio de redução do excesso de poder quando o líder se identifica com o exercício da liderança (processo), outro desafio é promover a prontidão organizacional para distribuir essa liderança; fazê-la ser efetiva onde e quando for necessária. É função do líder facilitar o processo de liderança.
E a água, quem cuida?
Até aqui, temos estruturas e pessoas focadas em cuidar dos peixes. sem dúvida, extremamente importante. Mas, não transforma quando falamos das toxinas na água. Se entendermos a liderança como responsabilidade coletiva, como processo distribuído e sistêmico, quem se responsabilizará pelas toxinas na água, ou seja, pela saúde e bem estar da organização como sistema?
É aqui que o paralelo entre governança e liderança sistêmica se torna interessante, pois permite essa responsabilidade coletiva, uma busca por uma resposta que seja coletiva, mesmo que ainda não se tenha uma.
E o que para mim teve ressonância como o paralelo de saúde foi o termo dignidade.
Dignidade:
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Ainda seguirei aprofundando o tema, que mesmo em mim está em elaboração.
Caso o tema tenha lhe despertado ideias, objeções, pensamentos aleatórios, compartilhe! É sempre melhor pensar e criar junto.