Somos verdadeiramente obcecados por nos sentirmos produtivos, cada vez melhores no que fazemos, úteis...quantas vezes ouvi de clientes de coaching o pedido para ajudá-los a usarem melhor seu tempo - eficiência - ou que se sentem culpados por se jogarem no sofá e maratonarem uma série na tv? E mais, falamos sobre isso como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Mas não é. Se pensarmos no que é natural, dificilmente veremos a natureza obcecada por ser eficiente, ou qualquer outra coisa. Quando olhamos crianças em idade pré-escolar o mesmo acontece. Elas vivem em outra sintonia.
Então, o que aconteceu? Primeiramente inventamos as ferramentas e de alguma forma elas acabaram mediando a nossa experiência com a natureza.
Algo assim:
homem -> ferramenta -> natureza
(esquema brutalmente simples e genial de Gregory Bateson em Metadialogue - Is There a Conspiracy?)
As ferramentas nos deixaram parcialmente fora da natureza. A nossa distância da natureza vem crescendo conforme inventamos mais ferramentas e tecnologias para lidar com os efeitos das ferramentas e tecnologias existentes. Se os carros emitem CO2, inventamos um filtro para reduzir ou zerar essa emissão.
E começamos a medir os efeitos e assim começamos a fazer gestão. Números trazem clareza e podem trazer confusão e distorção também. Quais são as métricas que realmente importam? Qual a ética por trás delas?
E as métricas sobre as pessoas? Desde o nascimento, cada um é pesado, medido, classificado. Em 1910, o New York Times estimava que o valor de um bebê era de US $362,00 por libra. Medimos eficiência, produtividade, vida útil...Transformamos pessoas em ferramentas, recursos.
Ainda assim, acredito nas métricas. Precisamos, porém, rever o que as métricas estão perguntando. Podemos ir além da lógica e números absolutos em direção ao ambíguo e quantum não binário? Aceita o convite? veja as perguntas abaixo:
Perguntas
- Métrica dos sonhos?
- Métrica dos pesadelos?
- Palavras digitadas por km andado?
- Risadas por reunião?
- Não mensurável ou imensurável?
- Já desejou parar de quantificar algo em seu trabalho, mas sente que não pode?
- E se parasse de quantificar por uns 3 meses?
- Qual a coisa mais imensurável em sua vida?
- Que nota você daria para 2021?