Por Andréa Nery
A liderança é uma arte.
A arte de motivar e inspirar pessoas a atuar na busca de um objetivo comum.
O líder deve possuir uma combinação de personalidade e habilidades que atrai as pessoas e faz com que queiram seguir seu comando, ele promove a união de um grupo e identifica como podem combinar suas habilidades para melhor atingir um resultado.
O líder dos dias atuais é alguém capaz de navegar pelas incertezas e promover as mudanças necessárias de forma ágil percebendo as possibilidades e se conectando com o que está emergindo.
Para motivar e se comunicar nesta realidade é essencial que o líder trabalhe a qualidade de sua escuta.
A escuta é a fonte de muitas habilidades de liderança e as possibilidades de falhas aumentam quando a escuta não está desenvolvida, pois provoca muita desconexão com a realidade.
Participei nas últimas 14 semanas da Jornada Gaia (Global Activation of Intention and Action) , um movimento global promovido por Otto Scharmer, autor da Teoria U, neste tempo exercitamos e aprofundamos os níveis de escuta, e esta experiência reforçou a visão de que o aperfeiçoamento da escuta é essencial para todos que buscam viver de maneira mais integrada e atendendo as novas necessidades, particularmente para o líder.
O primeiro nível de escuta é aquele exercido a partir do campo de conhecimento e hábitos do agente. Neste nível, o julgamento está muito presente, e a escuta reconfirma as opiniões já existentes. Ainda que o líder tenha vasto conhecimento existem limitações naturais e a tendência é de exclusão do que é diferente, a escuta reforça a crença.
No segundo nível, o líder reconhece os limites de seu conhecimento e seus hábitos e abandona a escuta a partir do que já trilhou para observar o que é diferente. Neste caso ocorre a abertura da mente para capturar e ampliar a escuta para fatos que contradizem o que ele acredita ser a verdade. Esta é uma fonte potencial descoberta de possibilidades, mas frágil em um ambiente volátil.
O terceiro nível é a escuta empática, que requer a abertura do coração, onde a escuta ocorre ao se "deslocar" para o lugar do outro, e procurar entender o que é dito a partir da realidade de quem fala. Esse nível exige mais intenção para promover a conexão com a experiência do outro. É um nível mais emocional, pois ocorre no campo de vivência externo.
Finalmente, o nível mais profundo de escuta, a escuta generativa, em que a conexão acontece com o que ainda não está explícito, com o que quer surgir.
Aqui as possibilidades futuras são percebidas e a conexão ocorre com o potencial da co-criação que emerge neste espaço coletivo de troca.
A abertura do desejo é que permite acolher o que chega e deixar ir o que não tem mais espaço, catalisando a fala do outro, que é mais do que escutado, é encorajado a gerar algo novo a partir da escuta.
A energia desta escuta não fica focada nos embates ou dificuldades que estão na superfície, mas nas múltiplas soluções que começam a emergir e nos futuros possíveis que esta conexão proporciona.
Os líderes que intencionalmente usarem o nível mais profundo da escuta podem mudar as relações dentro de seu âmbito de influência.
Ativar esta escuta requer autoconhecimento e prática constante de conexão, e traz uma qualidade que contribui para promover uma mudança adaptativa e ágil. A liderança cresce com a profundidade do nível de escuta e assim amplia as possibilidades de respostas em novos contextos.
Qual intenção você têm colocado na sua escuta?