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Opinião|sindrome do impostor

Sei bem que esse tema não é novo, mas confesso que nunca me aprofundei devidamente nele. Eis que semana passada me peguei lendo atentamente um e-mail do 80,000 jobs abordando o tema e trazendo, inclusive, relatos de pessoas que já tiveram ou têm que gerenciar sua síndrome.  Em termos pessoais, a síndrome do impostor é alimentada por um certo grau de ansiedade. 

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Atualização:

As pessoas têm medo de não serem boas o suficientes E de serem descobertas como tal. Com isso, quem tem essa síndrome passa longas horas checando triplamente tudo que faz por um lado e por outro lado também parece ser super competente e eficiente. Esse super herói às avessas é um ser exausto, que vive trabalhando longuíssimas horas, muitas vezes às escondidas. 

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A busca por fazer tudo perfeito e assim evitar feedbacks pode ser um sintoma dessa síndrome. Ter resposta para tudo, ter tudo muito na ponta da língua, tão perfeitamente encaixado...nada de fora entra. A síndrome do impostor pode tornar as pessoas mais ansiosas nas relações, pois é nesse espaço onde os que se sentem impostores serão revelados. 

Mas também é nesse espaço que aqueles que assim se sentem podem buscar saídas para essa síndrome perversa, pois ninguém merece se sentir dessa forma. 

Uma vez que as pessoas com síndrome de impostor subestimam suas  habilidades, suas ambições acompanham de acordo, sendo mais modestas do que realmente poderiam ser. São pessoas que costumam imaginar que seja menos doloroso não participar do processo seletivo que ser rejeitado. Mas no fim das contas só reforça a crença negativa sobre si mesmas. 

Eis o loop das crenças da Síndrome do Impostor: 

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Sobre os vieses cognitivos:

  • Pensamento catastrófico: assumir que o pior é verdade, ou que vai acontecer sem as devidas evidências. 
  • Pensamento tudo ou nada: pensamento tipo preto e branco, sem levar em conta as diversas nuances de cinza.
  • Padrões não realistas: estabelecer padrões irrealisticamente altos de sucesso (só se for perfeito). 
  • Atenção seletiva: focar apenas em evidências negativas.
  • Generalização extrema: usar um fato como verdade geral para um grupo de atividades.
  • Desconsiderar evidências positivas: buscar razões para  não acreditar em evidências positivas.
  • Scanning: consistentemente buscar provas daquilo que se tem medo/ reviver momentos de desempenho ruim. 
  • Conclusões apressadas: chegar a uma dada conclusão (por vezes extrema) a partir de pouca informação que poderia dar margem a outras interpretações.  

O ponto é que a síndrome é uma questão relacional, pois se manifesta nesse espaço do trabalho. Afeta não apenas ao que sente seus sintomas, mas seus colegas de trabalho, seus liderados caso os tenha e seus gestores. 

É apenas a conexão humana e o diálogo que podemos dissolver crenças que estejam a serviço do medo e ansiedade da pessoa que está com a síndrome do impostor. Por outro lado, as organizações também têm seus vieses e crenças  sobre produtividade e eficiência, por vezes retroalimentando a síndrome (mesmo que sem querer). 

Então é importante sim que conversemos sobre os sentimentos humanos, sobre a síndrome do impostor, sobre burnout e outros tantos temas que nos dizem sobre as coisas de que não falamos nas organizações. Ainda temos tanto desejo de pertencer, temos tanto medo de perdermos nossos empregos, status, ganha pão, que não falamos, calamos e vamos buscando nosso melhor sabe-se-lá-o-que.

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Mas, o que não é dito...diz o que?

 

Opinião por Claudia Miranda Gonçalves
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