Estamos treinados a prestar ou não atenção a que coisas? Essa pergunta nos leva diretamente para a comunicação: como bem disse Nora Bateson, " Comunicação é o que é possível de ser dito (numa relação que já estava ali)". Ou seja, são camadas e mais camadas de interações, em diferentes níveis e em diversos momentos, que também participam do que é possível ser comunicado num momento X.
O mundo do que é possível, daquilo que temos consciência, pode colidir com a outra parte, a parte do não: não conhecida, não explorada, não dita, não percebida. A essa colisão chamamos de problemas ou dificuldades ou desafios. São aqueles momentos incríveis que algo pode emergir - sair da zona do não e ir para a zona da consciência.
Então, uma mente que rapidamente absorve apenas informação acaba por não aplicar a dissonância cognitiva em sua principal função - não a de ser um viés cognitivo - mas a de refletir e questionar e mais ainda de perceber as complexidades. A leitura é um poderoso antídoto para a mesmice e diálogos roteirizados. A leitura é capaz de modificar as conexões neuronais, que é a neuroplasticidade do cérebro. O cérebro é maleável e está sempre em evolução para responder às nossas experiências. É a neuroplasticidade que está na base para mudanças de perspectiva e para a verdadeira empatia (empatia verdadeira requer vulnerabilidade, que é uma qualidade inerentemente humana). Mas precisamos de uma leitura profunda.
A qualidade da leitura é o mais importante na leitura. Existe uma linha direta entre essa leitura profunda e empatia e explorar pontos de vista, valores e ideologias diferentes das próprias. É essa leitura profunda, seja do que for, pois não precisamos ler as mesmas coisas, mas precisamos todos ler, que vai ajudar a superar as polarizações e desconexões.
Algumas coisas que ando tirando da minha zona do não:
Que perguntas não temos feito?
Como estou contribuindo para o que anda acontecendo?
Que perguntas me ajudam a sentir e fazer sentido das coisas?
Espero que possamos criar perguntas sem respostas já embutidas nelas. Busco por mais perguntas que aticem nossa curiosidade e que promovam diálogos em que todos estejamos "perdidos" juntos. Que possamos chegar juntos a novas respostas.