Se prevalecer o rito adotado em sabatinas de importantes autoridades, o Senado poderá aprovar a indicação do economista Ilan Goldfajn para ocupar a presidência do Banco Central no governo interino de Michel Temer antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para ocorrer nos dias 7 e 8 de junho. A indicação de Ilan para o posto foi confirmada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em entrevista coletiva nesta manhã.
O nome de Ilan terá de passar pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e pelo plenário da Casa. O presidente em exercício da CAE, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), disse que a escolha do novo presidente do BC vai ocorrer efetivamente a partir da próxima semana, uma vez que a mensagem de Temer ainda não chegou ao Senado.
Raimundo Lira afirmou que a presidente da comissão, a petista Gleisi Hoffmann (PR), fará a escolha do relator da indicação do novo comandante da autoridade monetária. Gleisi está em viagem oficial ao exterior e deverá voltar até esta quinta-feira (19).
Por praxe, se a presidente da comissão fizer a indicação ainda nesta semana, o relator poderá apresentar seu parecer sobre a escolha até a terça-feira (24). Na ocasião, deverá ser concedido vista coletiva ao parecer. Com isso, a sabatina e a votação secreta da mensagem podem ocorrer na reunião subsequente da CAE, no dia 31.
Se houver a aprovação de um requerimento de urgência na comissão, o plenário do Senado poderá aprovar no mesmo dia em votação secreta a indicação de Ilan Goldfajn para a presidência do BC - ou mesmo dias depois, ainda assim antes da reunião do BC marcada para os dias 7 e 8 de junho.
Um importante integrante da CAE disse que, a se seguir a tradição no colegiado, há, sim, prazo para se aprovar o nome do novo comandante da autoridade monetária. "Se houver boa vontade, é possível", disse.
Antes mesmo da indicação de Ilan, contudo, interlocutores de Temer já trabalham com o cenário de que o atual presidente do BC, Alexandre Tombini, permanecerá no cargo até pelo menos a próxima reunião do Copom. Reservadamente, eles até se mostram favoráveis a acelerar a indicação, mas avaliam que a CAE, presidida por uma petista, poderia dificultar a votação a respeito de Ilan.
Titular do cargo desde o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, Tombini está com um pé no Governo Temer - esteja ele dentro ou fora da próxima reunião do Copom. Meirelles fez questão de dizer hoje mais cedo que ele vai ocupar um "alto cargo" da administração pública federal após deixar o comando da autoridade monetária.
Escreva para nós: lupa@estadao.com