É quase um manifesto público a nota que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, mandou divulgar em agradecimento ao jantar oferecido ontem pelo líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), com a presença de um grupo de 40 senadores, inclusive do PT.
Em um ato simbólico num momento de forte desgaste e perda de prestígio, Levy resolve fazer uma declaração, por meio de um nota oficial do Ministério da Fazenda, para reforçar as razões que justificam os fundamentos da sua política e na ênfase dada por ele na necessidade de ajuste fiscal.
Não deixa de ser um lamento ele agradecer pela oportunidade de ter sido ouvido pelos senadores. Nos últimos meses, o que mais falta ao ministro é eco das suas insistentes falas na Esplanada dos Ministérios e no Congresso Nacional.
Mesmo pressionado pelo PT e pelos rumores de sua substituição pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, Levy não baixa a guarda e insiste nas suas convicções em torno da política que traçou quando chegou ao governo. Um exemplo é sua postura em relação ao PSI, programa de financiamento do BNDES, e à necessidade de ter uma meta fiscal "pura" para o ano de 2016, sem o abatimento da despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Não deixa de ser bizarra a desenvoltura com a qual o ex-presidente do BC transitou em Brasília durante evento na Confederação Nacional da Indústria (CNI). Difícil acreditar em coincidência de datas, um dia depois de seu nome ganhar novamente força na rede de apostas que se transformou a capital do País.
Meirelles opera nos bastidores e fala como ministro ao tocar em temas de política econômica no seu discurso de hoje. Não foi à toa que usou o jogo das palavras e disse que não feito convite "concreto" para ocupar o Ministério da Fazenda. O concreto quer dizer o quê?
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