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Meta superestimada seria tiro no pé na largada de Meirelles

Ministro da Fazenda não pode ceder à pressão da área política do governo para permitir um rombo maior nas contas públicas

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Por Adriana Fernandes e Ricardo Brito
Atualização:

(Henrique Meirelles/Estadão) Foto: Estadão

Não vai acabar bem essa enxurrada de estimativas de déficit para 2016 que os integrantes da ala política do governo Michel Temer despejam - aqui e ali - como se fosse assunto banal. Em meio a conversas reservadas e declarações em entrevistas relâmpagos que têm sido dadas nos últimos dias por ministros do governo, é possível achar até quem fale em um rombo de R$ 200 bilhões.

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A situação fiscal brasileira é tão dramática que o novo governo precisa ter mais cautela para falar sobre o tamanho do rombo. Por trás desse vaivém de previsões, está a tentação que ronda todo o governo, principalmente os que estão começando: busca de espaço para gastar mais.

É por isso que a área econômica não quer e não pode superestimar o rombo fiscal. A aprovação de um projeto de lei alterando a meta, que abra espaço para o governo gastar mais como primeira medida, seria um tiro no pé na largada de Henrique Meirelles como ministro da Fazenda.

Não bastará emplacar o discurso de que agora a ordem é fazer uma "meta realista". Essa mensagem não duraria nem 24 horas de análise de cálculos que seriam feitos pelos especialistas em finanças públicas.

É bem verdade que o mercado e o setor produtivo estão em lua de mel com Meirelles, mas ter como primeira medida uma mudança da meta que permita maior flexibilidade fiscal não seria bem recebida.

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Reportagem desta semana do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, já mostrou que a área econômica vê com preocupação o risco de o governo superestimar o déficit. "Se superestimar o déficit, o governo perde. E, no final, prejudicaria ainda mais o resultado primário", afirmou a fonte do governo.

Meirelles está prestes a dar uma das mais importantes medidas que vão guiar sua estratégia de ajuste política fiscal. Por mais pressão que venha de ministros e parlamentares aliados ao governo Temer, ele não poderá errar como fez Joaquim Levy no início da sua gestão ao prometer uma meta de superávit sem chance de ser cumprida. Tampouco pode fixar uma meta que seja colocada em xeque por ser frouxa demais em tempos de ajuste.

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