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O blefe da meta de inflação e a agenda positiva de Temer

Governo nunca mostrou disposição de reduzi a meta da inflação de 2018. Ao mesmo tempo, ele atua para criar uma agenda positiva sem medidas que possam desagradar senadores às vésperas da votação do impeachment

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Por Adriana Fernandes e Ricardo Brito
Atualização:

(Ilan Goldfajn/Dida Sampaio-Estadão) Foto: Estadão

Nunca houve vontade política de verdade do governo do presidente em exercício, Michel Temer, para reduzir de fato a meta de inflação para 2018. O debate sobre uma eventual redução dela na reunião da semana passada do Conselho Monetário Nacional (CMN) não passou de um blefe que se espalhou pela Esplanada dos Ministérios e pelo Congresso Nacional.

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A discussão sobre a possibilidade de queda da meta de 4,5% para 4% no último ano do governo interino que ocorreu às vésperas da reunião do conselho da última quinta-feira foi uma tentativa de mostrar compromisso com uma inflação mais baixa nos próximos anos. E, assim, ajudar o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, a coordenar as expectativas em torno da convergência do IPCA para o centro da meta em 2017.

A prioridade do presidente Temer, sinalizada ainda durante o período de formação do equipe de governo antes do afastamento da presidente Dilma Rousseff do cargo, continua sendo a de garantir as condições para uma queda mais rápida da taxa de juros este ano que ajude na retomada econômica.

A taxa Selic mais baixa também vai contribuir para diminuir o impacto das despesas com juros no resultado das contas públicos, lembram auxiliares políticos do presidente. Eles destacam que uma meta menor implicaria taxas de juros mais altas por mais tempo, o que não é desejo de Temer.

É bom lembrar que Ilan pôs suas fichas na convergência da meta em 2017, que segundo ele é um caminho crível e "problema de primeira ordem" a ser resolvido. Mas o BC, ao contrário do que se esperava, não poderá contar com uma ajuda mais da política fiscal nessa tarefa. A rede de segurança fiscal não está consolidada.

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A ala política do governo quer abrir caminho para o crescimento e concentra esforços no pacote de estímulos que o presidente quer divulgar em breve para criar uma agenda positiva antes da votação definitiva do impeachment. Até lá, porém, não haverá anúncios de medidas significativas do governo na área econômica, segundo interlocutores do governo. Medidas também têm sido adiadas como forma de não desagradar potenciais apoios no Senado às vésperas da decisiva votação do afastamento definitivo de Dilma Rousseff.

O complicador nesse cenário pré-votação do impeachment continua sendo a divulgação da nova meta de déficit primário para 2017 - que pode demorar um pouco mais para ser encaminhada ao Congresso. Essa meta põe cada vez mais pressão na equipe econômica, num quadro de aumento das preocupações com a demora do ajuste fiscal.

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