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Para aliados, governo "perde" tempo sem agenda

Parlamentares governistas avaliam que Dilma Rousseff poderia aproveitar a aparente calmaria de janeiro para discutir medidas a serem adotadas pelo Congresso na volta do recesso. A inércia pode atrapalhar os planos do Planalto

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Por Ricardo Brito e Adriana Fernandes
Atualização:

Dilma Rousseff (Dida Sampaio/Estadão) Foto: Estadão

Aliados da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional consideram que o governo tem perdido tempo durante a aparente calmaria do mês de janeiro ao não ter aproveitado o recesso parlamentar para apresentar uma agenda de reformas e retomada do crescimento econômico. A avaliação é que deixar para fevereiro, na volta dos trabalhos legislativos, pode dificultar a tarefa de aprovar as mudanças - ainda mais para quem terá de barrar uma votação de um pedido de impeachment inicialmente numa rebelada Câmara.

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Ministros do governo como Nelson Barbosa (Fazenda) e Jaques Wagner (Casa Civil) ficaram, segundo parlamentares, de conversar este mês com parlamentares sobre pautas que poderiam ser encampadas pelo Executivo. Até agora, porém, nenhuma tratativa ocorreu de parte a parte.

É certo que Jaques Wagner - repetido posteriormente por Dilma em café da manhã com jornalistas - disse que não havia "coelho da cartola" para reanimar o País. Aliados, contudo, dizem que nem era preciso um plano mirabolante de salvação nacional. Bastava apenas reunir a tropa para tentar encontrar dentro de propostas que já constam no Legislativo matérias que dariam um norte de votação e defesa do governo, a despeito da segunda etapa do ajuste fiscal patrocinada ainda pelo ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy.

Aí que está o imbróglio. Sem uma agenda que "amalgame" a base aliada e mostre que o objetivo é fazer uma ponte para um momento melhor, qual discurso os parlamentares governistas terão para votar matérias impopulares, como aumento de impostos.

Um senador petista resume assim a questão: "Não vejo hipótese de o Congresso aprovar a CPMF este ano, até porque precisa saber o que teremos depois. Nada por nada, vamos deixar do jeito que está." Lá na frente isso pode fazer falta.

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Parecendo inerte, segundo aliados, o governo, que saiu de 2015 respirando após conseguir impor na Câmara o rito do impeachment que desejava, começou a ser tragado por delações e documentos da Operação Lava Jato. A investigação começou 2016 implicando a presidente Dilma Rousseff, o mais importante ministro do Palácio do Planalto, Jaques Wagner, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mesmo sem ter apresentado propostas para se contrapor ao governo, o PSDB aproveita a onda da Lava Jato e quer reforçar o desgaste da presidente ao discutir se inclui nas ações que pedem a cassação da chapa Dilma e o vice Michel Temer a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró que cita a petista.

Em política não há vácuo, mas o governo tem dado mostras de que não se lembra do ditado.

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