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Racha na base antecipa dificuldades para ajuste de Temer

Debate sobre posição de partidos aliados na concessão de reajustes do funcionalismo indica dificuldades do governo para votar futuras reformas

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Por Ricardo Brito e Adriana Fernandes
Atualização:

LUPA em vídeo - As cobranças do PSDB

(Aécio Neves-André Dusek/Estadão) Foto: Estadão

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A crescente ameaça de senadores do PSDB e agora do DEM de deixar a base aliada do governo caso o PMDB, partido do presidente em exercício, Michel Temer, continue a apoiar propostas de concessão de reajuste ao funcionalismo público antecipa as dificuldades que o governo terá logo após a provável aprovação do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.

A gestão Temer incluiu os servidores na PEC do Teto dos Gastos, mecanismo que pretende limitar o crescimento das despesas públicas se valendo do princípio segundo o qual essa elevação não poderá ser maior do que a inflação do ano anterior. Contudo, já há números, como antecipou a coluna, dando conta de que, em 2017, a despesa com folha de pessoal crescerá acima da inflação projetada pelo Boletim Focus este ano.

Isso significa que a regra que abrange o funcionalismo deverá ser suavizada durante a tramitação da proposta no Congresso ou até mesmo retirada, do contrário provavelmente não será cumprida. Tucanos sinalizam reservadamente que podem abandonar a base de Temer caso a PEC do Teto não seja aprovada ou venha a ser alterada pelo Legislativo. Isso sem falar que na medida mais impopular, a reforma da Previdência, não foi sequer encaminhada ao Congresso.

O senador e economista José Aníbal (PSDB-SP), o primeiro a externar publicamente o incômodo do partido à flexibilidade na condução da economia, tem dito que o governo tem até o final do ano para aprovar as reformas que o País precisa. Um artigo do Instituto Teotônio Vilela, presidido por Aníbal (que referenda todos os textos) e intitulado "Corda em casa de enforcado", resume o sentimento tucano sobre as concessões do governo. Eis um trecho do recado:

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"É estranho, para dizer o mínimo, que num dia o presidente em exercício diga com todas as letras que não vai mais avalizar aumentos de salários para o funcionalismo e, no outro, parte de sua base partidária no Congresso aja em direção contrária. O País não precisa de um governo que queira só ficar bem na fita. Precisa de um governo que faça as mudanças e as reformas necessárias, que a toda população - e não apenas algumas poderosas corporações - cobra."

Ontem à noite, Temer participou de mais um jantar para aparar as arestas da base, na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e com a presença de lideranças do PSDB, DEM e PMDB. Na semana passada, o presidente em exercício tinha promovido um encontro nesses moldes com o PSDB e, de concreto, decidiu-se dar mais poderes ao líder do governo no Senado, o tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP). De nada adiantou porque ele é contra os reajustes e a parte da base na Casa alinhada ao PMDB é a favor.

Se continuar assim, daqui a pouco não haverá mais jantar que pacifique a base.

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