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Renan se irrita com defesa antecipada das contas de Dilma

Presidente do Congresso se surpreende com o fato de o governo não usar prazo de 45 dias para se manifestar e aliados dele já falam em "lavar as mãos" sobre ajuda futura

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Por Ricardo Brito e Adriana Fernandes
Atualização:

Renan Calheiros (Ed Ferreira/Estadão) Foto: Estadão

O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), irritou-se com a decisão do governo de ter antecipado para ontem a apresentação da defesa da gestão da presidente Dilma Rousseff de 2014. Reservadamente, Renan se surpreendeu com o fato de o Executivo não ter usado todo o prazo de 45 dias que ele mesmo havia determinado para que Dilma se manifestasse. Aliados do senador falam até mesmo em "lavar as mãos" caso o governo futuramente lhes peça ajuda na tramitação do caso no Congresso.

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Sem combinar com o peemedebista, os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Luís Inácio Adams (AGU) entregaram a Renan a defesa das contas do governo. O núcleo político do governo avalia que dispõe de votos suficientes na Comissão Mista de Orçamento (CMO) para derrotar o parecer do Tribunal de Contas da União (TCU) que recomendou, no mês passado, que o Legislativo reprove as contas de Dilma.

Essa ação reduziria o ímpeto do plenário do Congresso de também rejeitar as contas de Dilma. Uma eventual rejeição das contas poderia abrir caminho para que a oposição reforce um pedido de impeachment de Dilma.

A percepção de pessoas próximas a Renan é outra. Na avaliação delas, o melhor seria que o governo usasse todo o prazo disponível para a defesa, o que jogaria certamente a solução do caso para 2016 e poderia contar com uma nova composição da comissão de orçamento, mais favorável aos anseios do governo.

Aliados de Renan dizem não ter garantias de que há votos suficientes para reverter uma posição unânime do TCU na comissão, se ela ocorrer este ano. Consideram ainda uma incógnita no caso a presidente do colegiado, senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), que travou em embate com o presidente do Congresso sobre o envio imediato ou atraso do caso para a comissão.

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Uma pessoa próxima ao peemedebista chegou a dizer que o governo não entendeu a decisão de Renan de assumir o ônus político sozinho em conceder maior prazo. E fez a seguinte analogia: "eles furaram a boia que jogamos". Já há quem afirme estar desobrigado a partir de agora de ajudar o governo, com eventuais mudanças de composição do colegiado, por exemplo.

O resultado desse novo desgaste é o aumento dos riscos para a aprovação do projeto que altera a meta fiscal de 2015, proposta que também terá de passar pela comissão de orçamento.

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