O presidente em exercício, Michel Temer, discute com assessores e auxiliares anunciar em breve medidas de impacto bilionário para reforçar o caixa do governo e destravar a economia do País.
A intenção ocorre no momento em que Temer colhe os primeiros sinais - a partir da pesquisa Datafolha - de que a população brasileira começa a aceitá-lo como governante após dois meses de interinidade perpassada por solavancos da Operação Lava Jato.
Ao mesmo tempo, a presidente afastada, Dilma Rousseff, não dá indicações a aliados de que tem condições ou mesmo pretende lutar para reverter sua condenação no impeachment em curso no Senado, em julgamento previsto para agosto.
Por ora, o plano discutido pela equipe de Temer é um emaranhado de ações que são ancoradas principalmente na desestatização do Estado: securitizações e aberturas de capital de empresas estatais, concessões, privatizações, vendas de ativos, como terrenos para estrangeiros e imóveis da União.
Há ainda ações na área do fortalecimento do crédito, como a ampliação na liberação de recursos para microempreendedores, e a retomada de investimentos na área habitacional, como ações no Minha Casa, Minha Vida e para as outras camadas da sociedade.
Embora o Congresso não tenha votado praticamente nada do eixo do ajuste fiscal do governo - calcado em especial na PEC do teto dos gastos -, Temer tem contado de modo geral com a complacência do mercado, empresariado e em especial dos parlamentares.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já admitiu publicamente que Temer é a "única saída que está posta" e que a economia já saiu da UTI e dá sinais de recuperação - os números, entretanto, não respaldam ainda essas afirmações categóricas.
O novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vê como chance remota a volta de Dilma, já aderiu à agenda de Temer e se mostra empenhado em votar, durante seu mandato tampão, a pauta do presidente em exercício.
Temer, que conversou com integrantes da equipe econômica há pouco, reúne-se à noite com Renan e Maia para afinar a agenda. A estratégia, no papel, está sendo alinhavada. Agora é saber como ela será posta em prática e se - ponto principal - o País voltará a crescer para reduzir o gigantesco déficit fiscal projetado até 2018 e, principalmente, diminuir os 11 milhões de desempregados. É preciso, no entanto, fugir das medidas de estímulo econômico que não deram certo no passado recente e que alimentaram as incertezas e trouxeram perdas para os bancos públicos.
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