Celebridades e expectativas no SXSW

Para evitar as longas filas, cheguei ao Austin Convention Center cedo e me instalei no Ballroom D, a sala principal do ACC, reservada para as sessões principais e onde eu me sentei para as três primeiras da segunda-feira. Todos com celebridades, cada uma completamente diferente da outra. O primeiro, eu estava totalmente sem expectativas e 100% influenciada por meu filho de sete anos que há cerca de um ano descobriu um meme com John Cena feito com a música que abre suas apresentações de WWE (World Wrestling Entertainment) e desde então se tornou seu fã. Quando eu vi que ele estaria aqui, decidi ir e verificar quem era esse cara.

PUBLICIDADE

Por Regina Augusto
Atualização:
 Foto: Estadão

De longe a maior (e melhor) surpresa do dia. John Cena é uma força e um dos responsáveis por tornar a WWE um negócio com um impacto mundial. Sua página de fãs no Facebook tem mais de 43 milhões de likes, a maior de um atleta nos EUA. Ele tem 9,3 milhões de seguidores no Twitter e 6,2 milhões de seguidores no Instagram. Foi nomeado embaixador da marca Crocs e no ano passado promoveu o rebranding de uma linha da rede de varejo JCPenney, em Nova York.

Foi o segundo painel com a WWE na SXSW. No sábado, Stephanie McMahon, Chief Brand Officer, falou sobre a construção da estratégia de marca através de vídeo ao vivo. Ao contrário de qualquer outra grande liga norte-americana de esportes, a WWE é uma empresa de capital aberto. Muito inteligente e articulado, John Cena falou sobre como ele criou um personagem e sua responsabilidade em ser um ídolo infantil. "Há realmente uma tonelada de espaço para a individualidade e para me fazer ser quem eu escolhi ser. Eu tive que mergulhar fundo para descobrir a minha identidade e construir o meu papel neste jogo".

 Foto: Estadão

PUBLICIDADE

O segundo painel foi com o estilista Marc Jacobs: "Fashion Design in Social Media Era". Embora ele tenha 5,9 milhões de seguidores, Jacobs admite jocosamente ser um "luddite" tecnológico, uma expressão que remete àqueles que se opõe à tecnologia. "O e-mail é a minha melhor ferramenta. Sou bom também em fazer pesquisa no Google (!) ". Ele se refere aos algoritmos do Instagram como "deuses de computador que decidem o que eu gosto."

Em um ponto, quando perguntado sobre como se informa, chamou os alertas de notificação no telefone de "pop-ups estranhos", para a grande diversão do público tech lover do SXSW. Jacobs admitiu ainda nunca ter comprado um artigo de roupa online. "Quero ter uma experiência humana".

Sua visão anti-tech contrastou com a maioria dos painéis focados em moda do SXSW, que se concentrou em tópicos como a tecnologia wearable e o surgimento de influenciadores de mídia social. Jacobs é um cara de "lápis e papel", como ele admite prontamente.

Publicidade

O painel mais esperado do dia foi com uma celebridade não no sentido tradicional da palavra, mas sim para o público SXSW. O painel com Ray Kurzweil e sua filha Amy, "Colaboração no Futuro", prometia ser um momento inspirador. Afinal Kurzweil é famoso por, entre outras coisas, prever a singularidade tecnológica,  o ponto em que o crescimento exponencial do poder dos computadores e da tecnologia atingir tal velocidade que alterará fundamentalmente o mundo e o papel dos seres humanos nela. Seu painel, no entanto, acabou sendo uma conversa sem muito entusiasmo sobre memórias familiares e a apresentação do trabalho de Amy como um designer gráfica e cartunista.

Algumas frases, no entanto, se salvaram no papo entre pai e filha:

"A realidade virtual é uma experiência real, assim como um telefonema é uma conversa real"

"VR dá a você a liberdade de ser outra pessoa. A questão é: isso pode afetar sua identidade?

"Arte e criatividade ficam no topo de nosso potencial cerebral"

Publicidade

"Reconhecer padrões é a base da inteligência humana"

 

A principal lição do dia: É tudo uma questão de expectativas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.