Sua participação na Convenção Nacional Democrata, essa semana, deixou claro que ele será um coadjuvante diferente. Será muito mais ativo e influente no papel que historicamente é bem figurativo e insosso. O que chama a atenção é o tratamento diferenciado que boa parte da mídia lhe reserva, uma espécie de sexismo invertido.
Editorial do New York Times levantou muito bem essa questão: "Nenhuma mulher com o histórico de traições de Bill Clinton seria aceita como primeira-dama. Imagine o frenesi se Melania Trump tivesse uma infidelidade documentada, ou se Michelle e Laura Bush traíssem seus maridos na Casa Branca".
Não há como negar o duplo ineditismo. Além de ser o primeiro homem a ocupar uma posição que só coube até então a mulheres, não se trata de um cidadão qualquer. É um ex-presidente dos Estados Unidos. Como role model, a expressão em inglês que significa a representação de modelos que seguimos ao longo de nossa trajetória de vida, o casal Bill e Hillary pode não ter o carisma e a presença de espírito de Obama e Michelle, mas são rodeados de fatos fortes e midiáticos também.
Será um desafio e tanto para a mídia cobrir Bill Clinton nessa posição no caso da vitória de Hillary. Em um mundo onde a polarização e a discussão sobre gêneros estão em alta e despertam discussões acaloradas, é um bom momento também para se refletir sobre os papéis reservados a homens e mulheres na sociedade atual.