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Consolidação chega à área de eventos

O mercado das prestadoras de serviços de marketing - que abrigam as áreas de eventos e de ações esportivas - passa por uma consolidação, com a chegada de grupos estrangeiros e o redimensionamento das empresas nacionais do setor. Um movimento que pretende aproveitar a entrada do Brasil em um novo patamar de consumo de produtos de entretenimento (graças ao maior poder aquisitivo da população) e que também se favorece da apreciação do real, que facilita a importação de shows.

Por Marili Ribeiro
Atualização:

"O nosso poder de barganha na negociação aumentou. Se antes um terço das grandes turnês musicais vinha ao País, agora 90% delas vêm", garante Fernando Altério, presidente e sócio majoritário da Time For Fun (T4F) - empresa com presença no Brasil, Argentina, Chile e Peru, que realizou 1.100 shows, faturou US$ 400 milhões no ano passado e já aparece em quarto lugar no ranking das maiores empresas globais do setor.

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Apesar do crescimento exponencial do segmento no País, com fins de semanas repletos de ofertas para o consumidor e ingressos esgotados em apenas algumas horas de venda (caso da apresentação de Paul McCartney, no próximo mês), o mercado ainda é pequeno. A líder mundial, a americana Live Nation, realiza 22 mil shows por ano e fatura US$ 4,7 bilhões.

Essa diferença de escala dá a dimensão do potencial de expansão do mercado local, que tem atraído capital estrangeiro e feito poderosos grupos de mídia nacional despertarem para o negócio de geração de conteúdo. A parceria mais emblemática é a que deu origem à Geo, feita entre a Globo Participações e o grupo gaúcho RBS. "São empresas que vivenciam experiências em várias plataformas de mídia e passaram a considerar eventos, com sua capacidade de fornecer conteúdo, como uma área para investimentos", afirmou recentemente ao Estado, Octávio Florisbal, diretor geral da Rede Globo. "Numa economia forte, eventos esportivos e artísticos têm enorme espaço e, se uma empresa nacional não ocupar esse espaço, as estrangeiras o farão. O mercado interno de bens de consumo sempre atraiu multinacionais. Agora é a vez das empresas de eventos."

A consciência de que o mundo está de olho nesse mercado deu margem à especulação sobre a venda da T4F para fundos estrangeiros. Altério nega e diz que, ao contrário, está comprando duas empresas em países latinos e outra no Brasil.

Na área de marketing esportivo, por conta da Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos no Brasil, as disputas estão mais em evidência. Marcos Lacerda, que deixou seu negócio para assumir a presidência da Momentum Brasil, empresa do McCann Worldgroup, informa que, até novembro, anuncia uma unidade dedicada ao tema. Já o conglomerado Interpublic, através de seu braço mundial no ramo, a agência Octagon, fechou acordo de compra da consultoria carioca B2S, de propriedade de Alexandre Leitão. Com a negociação, a norte-americana volta a atuar no setor de marketing esportivo brasileiro, do qual se desligou em 2007, quando rompeu a sociedade com a Koch Tavares.

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BOLA DA VEZ

 A América Latina, liderada pelo Brasil, é apontada por estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers como a bola da vez no mercado de entretenimento. Há previsões de que o consumo na área deve crescer 8,8% até 2014, atingindo US$ 77 bilhões. Quase metade, ou US$ 35 bilhões, será gasta no Brasil.

"A consolidação vivida há alguns anos pelo setor de agências de marketing direto, que reduziu o número de participantes do segmento, começa a se intensificar entre as empresas que se dedicam ao marketing esportivo e entretenimento", considera Bazinho Ferraz, sócio do Grupo ABC e presidente do rol de empresas que atendem às demandas de anunciantes nessas áreas.

Defensor da tese de que o mercado nacional tem características próprias que exigem gestão nativa na realização de eventos, Bazinho - que comanda o que representa hoje 40% das receitas do grupo - acha que, conforme a infraestrutura no Brasil for melhorando, o céu será o limite.

Há proposta de 12 novos estádios para a Copa do Mundo. Se eles forem construídos com o objetivo de serem multiuso, como pedem os empresários do marketing, o País ganhará arenas para shows em vários pontos. "Hoje falta escala e logística para o desenvolvimento do setor", acredita. "Mas o Brasil vai virar os EUA, onde a oferta de arenas dilui os custos das turnês."

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O empresário José Victor Oliva, presidente do Holding Clube, que atua na área de marketing promocional e eventos corporativos, não vê a falta de arenas como um problema. Cita, por exemplo, Curitiba, que tem lugar, mas nem sempre entra na programação de grandes turnês, por falta de público. "Acho que mais do que áreas adequadas, precisamos de adequação de shows ao público que se quer atingir", diz ele. "Não me parece o apropriado levar uma cantora pop como a Mariah Carey para um lugar como a Festa de Peão de Barretos." A cantora se apresentou em agosto no Brasil. Apesar de vaiada pelo atraso, agradou à plateia, que pediu bis.

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