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MULHERICES -- Sample Size

Por Marili Ribeiro
Atualização:

Tenho uma amiga muito querida, que ela própria não sabe, mas é o exemplo acabado do estilo "sample size". Algo que o senso comum chama apropriadamente de "ditadura da magreza". A maior preocupação dela é caber nos modelitos da filha. Ou seja, manequim 38. Acha que, com isso, parece mais nova. Coitada, não percebe que fica apenas ridícula.

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Mas a neura do sample size não tomou apenas o mundo das mulheres com dificuldades de envelhecer. Começou circunscrevendo o universo da moda. Foi o glamour da passarela, associado ao sonho fácil de ser famosa a La Bündchen, que obrigou um exército de meninas a viver à base de alface & água para vestir roupas minúsculas. O tamanho diminuto é usado nas peças de desfiles e nos mostruários da etiquetas badaladas. Virou baliza de vida de toda uma geração. Em alguns casos é doença. Dá dó.

A anorexia fashion ficou tão evidente que acabou se tornando denúncia oficial entre os profissionais do jornalismo que acompanham as semanas de moda mundo afora. Esta semana está nas páginas do prestigiado New York Times. Nos EUA, a polêmica mereceu debate no tal do Conselho dos Estilistas da América, que reúne gente desse mundinho. A ordem é adotar um novo sample size, maior que o atual. Assim as modelos sofreriam menos com a obsessiva perda de peso.

Aqui, um país de mulheres providas de avantajados quadris e fartas bundinhas arrebitadas, seria ótimo que as confecções adotassem numeração compatível. Acho divertido quando vou às liquidações de etiquetas fashion (só as freqüento nesse momento de oferta, quando os preços se aproximam da realidade), e vejo uma enormidade de peças adequadas para bonecas de pano. São as que ficam na loja em grande quantidade, porque, imagino, não atendem ao padrão de consumo. Pergunto então, para quem fabricá-las? Abaixo o sample size.

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