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O diplomata da AmBev

Foto:Milena/AE

Por Marili Ribeiro
Atualização:

Carioca, articulado e bom de conversa - além de ter a rara franqueza de admitir que também aprecia vinho, mesmo à frente da maior cervejaria da América Latina -, João Castro Neves assume, na Companhia de Bebidas das Américas - AmBev, o papel de diplomata. Um perfil pouco usual no histórico aguerrido do grupo, sempre pronto a tirar os concorrentes do caminho e conquistar novas posições no disputado mercado cervejeiro. Castro Neves gosta da mesa de negociação, até mesmo à dividida com sindicalistas e políticos. Em convesa informal, ele não foge das perguntas e rapidamente direciona o papo para o recado que quer passar. Treino adquirido em 13 anos de AmBev, onde ocupou o comando da área de refrigerantes, passou pela diretoria financeira, dirigiu a região sul, que contempla Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Bolívia. Tudo isso antes de chegar à presidência da companhia em janeiro, posto disputado, no final do ano passado, por três talentos da casa. Ele levou a melhor graças ao desempenho na Argentina, onde suas qualidades de conciliador o fizeram enfrentar, com sucesso, a ira dos combativos sindicalistas portenhos que resistiam ao desembarque dos brasileiros no comando da tradicional cervejaria Quinsa, dona da marca líder daquele mercado. Ao ser questionado se se sente confortável no papel de "diplomata da AmBev", ele titubeou por um curto espaço de tempo, mas concordou sob o pretexto de que, muitas vezes, percebe que há uma impressão equivocada da companhia. Algo que passa pelos estilo arredio ao holofote dos fundadores. O que, em algum momento, passsou a ser confundido com arrogância. Ele acredita que possa articular uma frente entre os fabricantes de cerveja em defesa dos interesses comuns da categoria. Ação difícil de imaginar diante da guerrilha diária por participação de mercado. A AmBev mantém posição, com 67% do volume comercializado.

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