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Pesquisa aplicada no dia a dia (FGV-EESP)

Opinião|Pedido de Natal: O que desejamos para o Brasil.

A eleição pode ser uma excelente oportunidade para analisarmos como melhorar a produtividade e recolocar o Estado a serviço da população

Atualização:

*Marcelo Kfoury Muinhos Se pudéssemos pedir para Papai Noel um presente para o Brasil, as últimas pesquisas de opinião sugerem que a maioria dos brasileiros pediria melhores políticos e menos corrupção. Porém, mesmo sendo um desejo absolutamente legitimo, não acho que isso seria o meu "milagre favorito" para o País, pois a corrupção é mais consequência do que causa das nossas mazelas. O meu pedido seria que de um passe de mágica houvesse um salto na produtividade da economia.

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Os sucessivos governos do PT aproveitaram a onda mundial chinesa e a melhora nos preços das nossas exportações e houve uma a sensação de melhora no bem-estar com alguma distribuição de renda. Porém, essa onda passou, as condições internacionais mudaram, e as melhoras se mostraram efêmeras e não sustentáveis, pois não foram acompanhadas de efetiva melhora da produtividade do trabalho.

Efetivas melhoras na renda acontecem quando há aumento na produtividade dos trabalhadores. E quando essas melhoras são mais acentuadas nas classes mais baixas, e também há melhora na qualidade da educação, a distribuição da renda também melhora. Se não há aumento da escolarização e acesso da população mais pobre as novas tecnologias, impossível ter uma geração mais produtiva, que poderia ter então salário e renda mais altas.

São limitadas as possibilidades de mudar a distribuição da renda através de aumento de crédito ou transferência via impostos. Se mais pessoas pegam crédito, enquanto e a renda está subindo, é possível sentir melhora no padrão de consumo, mas eventualmente esse crédito tem que ser pago. Ou se há uma política de aumento real dos gastos sociais financiada via impostos, há por algum tempo aumento do consumo, mas isso não pode acontecer infinitamente.

Mas como aumentar a produtividade da economia brasileira? Uma melhora na qualidade da educação é primordial, pois aumentaria os salários e a renda, mas os efeitos desse avanço serão sentidos apenas no longo prazo. No médio prazo, investimentos em infraestrutura podem aumentar a competitividade dos produtos brasileiros no exterior ou diminuir custos de produção domésticos. No entanto, no curto prazo, uma reforma do Estado é fundamental.

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Os brasileiros pagam mais de 30% do produto do seu trabalho em impostos e todos os serviços públicos são precários. Educação, saúde e segurança são negligenciados e há uma dinâmica desenfreada de aumento dos gastos em previdência social. Há uma sensação de que o governo drena os recursos da sociedade e tudo se perde no processo. O Estado brasileiro, em suas diversas esferas, federal, estadual e municipal, ou mesmo, executivo, legislativo e judiciário, virou um monstro, que tudo suga e tem como única finalidade se auto perpetuar.

A corrupção acontece quando agentes privados ou públicos se apropriam de recursos públicos de maneira indevida para seu próprio benefício. Isso obviamente tem que ser combatido tenazmente, mas isso é apenas parte da ineficiência e do péssimo uso do dinheiro público. Há também apropriação feita de maneira legal, quando há inversão dos incentivos e as instituições públicas começam a agir de forma corporativa e se apropriar de recursos que poderiam ser melhor utilizados para o bem público. Isso acontece de maneira bem mais sutil, mas é uns principais motivos para elevar o "custo Brasil".

No final do ano, quando estamos fazendo um balanço do que ficou para trás e pensando no próximo ano, é uma boa oportunidade para refazermos nossos diagnósticos e reavaliarmos as nossas expectativas e desejos. É primordial termos um rumo claro e a meta deveria ser um pais mais produtivo, que tenha instituições mais eficientes e menos corporativas. A eleição pode ser uma excelente oportunidade para analisarmos como melhorar a produtividade e recolocar o Estado a serviço da população.

*Professor e Coordenador do Centro Macro-Brasil da FGV-EESP

Opinião por mosaicodeeconomia
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