Yolanda Fordelone: Como surgiu a ideia da pesquisa?
Fábio Zugman: O profissional hoje em dia não basta ser técnico. Você pega o melhor profissional técnico do mundo que muitas vezes não consegue ter uma carreira legal. Eu topei com umas pesquisas lá fora em que eles pegam profissionais de ponta em várias áreas e pesquisam o que esses profissionais tem de bom para tentar replicar isso. A ideia é justamente essa: tentar estudar quem são esses gestores, o que eles acham que ajuda, o que piora.
YF: Por que este profissional é tão importante?
FZ: É um profissional em que muitas vezes as pessoas depositam a economia da vida. Tem a questão de aposentadoria, de sonho, de economia para copar carro, casa.
YF: Como foi feita a pesquisa?
FZ: A pesquisa ainda está em andamento. Mandamos e-mails para vários profissionais, ate com a ajuda da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Quem respondeu a gente fez entrevistas mais longas, com pesquisas qualitativas. Temos uma complicação porque não há pesquisas com esse tipo de profissional e o próprio profissional fica receoso, com medo de que eu descubra os segredos dele. A pesquisa não é sobre o que o gestor tem na carteira, mas sim sobre as características profissionais dele.
YF: Qual a importância da comunicação do gestor com os investidores?
FZ: Isso não tava nem previsto no desenho inicial, o contato com os clientes. A comunicação aparece tanto como um comentário do gestor sabendo que tem que melhorar como uma reclamação do cliente. A gente vê muita dificuldade nessa questão da comunicação. Para as pessoas que não entendem, não tem o conhecimento técnico, é muito difícil voe explicar as características do investimento. Basicamente a pessoa compra uma promessa, uma coisa meio abstrata. Percebemos que a comunicação mais simples e direta com o cliente, importa muito. Fazer ele saber o que esta comprando quando investe em determinado fundo.
YF: Quais são as características do bom gestor?
FZ: São cinco variáveis importantes. As primeiras seriam o conhecimento técnico e a habilidade nata, como se fosse uma barreira. Sem a inteligência emocional mínima e o QI profissional é difícil o gestor ir para frente. Tem a habilidade adquirida, ganha com a experiência. Tem a comunicação que já foi comentada. Tem também um componente que é a sorte. O gestor mesmo sendo bom pode ter uma maré de azar.
YF: Quais desses pontos te surpreenderam?
FZ: Os principais foram as questões da comunicação e da sorte, pontos que muitas pessoas falaram e não como algo positivo. Senti um atrito nessa questão de comunicação. É um fator que não é tão bem trabalhado como a busca de resultado em si.
YF: Quais os conselhos para o investidor que está pesquisando os fundos? Muitas vezes ele não tem tantas informações do gestor.
FZ: A primeira seria ler as letras miúdas. O que a gente vê é que tem gestores que tem mais letras miúdas que outros. Se a pessoa não te passa confiança eu acho que é um problema. Não deve escolher um fundo somente pela rentabilidade, tem que observar no modo como ele descreve o fundo, nas taxas que ele está cobrando, no modo como ele coloca essas taxas. A clareza é muito importante.
YF: E a dica para o gestor?
FZ: Cuidar dos clientes e não só do dinheiro deles. Não focar só no lado técnico, no resultado. Focar em passar confiança para o cliente. A palavra chave é como passar confiança para o cliente.
