Entretanto, há coisas perversas acontecendo; a questão é que nos preocupamos com a perversidade errada.
Como afirma Brad DeLong, há bons argumentos a invocar quanto ao fato de que atualmente vivemos em condições em que, na realidade, a contração fiscal agrava o déficit de longo prazo. Por que? O argumento é o seguinte:
1. A contração fiscal reduz a produção a curto prazo; isto significa de cara que parte do ganho inicial em termos de um déficit menor é anulada por uma receita menor e por um aumento dos gastos relacionados à rede de segurança. Estes efeitos são particularmente profundos quando nos encontramos numa armadilha de liquidez, portanto a política monetária não consegue combater a contração fiscal.
2. A redução da produção e do emprego a curto prazo também prejudica o crescimento a longo prazo: o investimento de capital cai, os trabalhadores perdem sua capacidade, e assim por diante. Isto por sua vez reduz as receitas futuras.
3. Ao mesmo tempo, com os juros reais muito baixos - na realidade, negativos para os títulos de cinco anos - o custo dos empréstimos agora em termos do ônus da dívida futura também é muito baixo.
Portanto, não há um argumento plausível em favor da afirmação de que a contração fiscal contribui para expandir a produção; há, porém, um argumento muito plausível no sentido de que a contração fiscal sequer ajuda a situação fiscal.
Por isso, qual é a perversidade que devemos considerar adequada para as Pessoas Sérias, e qual não é?