Fui bastante influenciado pela opinião expressada por Barry Eichengreen num artigo clássico de 2007 (apesar de eu já ter tomado conhecimento dessa argumentação - talvez por meio do próprio Barry? - muito antes da publicação do texto): de acordo com Eichengreen, qualquer tentativa de abandonar o euro exigiria tempo e preparação, e durante o período de transição haveria devastadoras corridas aos bancos. Assim sendo, a ideia de uma fragmentação da zona do euro seria inaceitável.
Mas agora estou reavaliando essa certeza por um motivo simples: a argumentação de Eichengreen consiste em motivos para não planejar um abandono do euro - mas e se as corridas aos bancos e a crise financeira já estiverem ocorrendo, independentemente disso? Neste caso, o custo marginal de deixar a moeda comum é dramaticamente reduzido, e de fato a decisão pode efetivamente ser tirada das mãos dos economistas do governo.
Na verdade, este aspecto pôde ser parcialmente observado quando a Argentina abandonou a lei de conversibilidade. A decisão deliberada de alterar a lei teria detonado uma crise bancária; mas, em 2001, o país já enfrentava uma profunda crise bancária e também restrições emergenciais sobre os saques nos bancos. Assim, o impossível tornou-se possível.
Pense no seguinte: o governo grego não pode anunciar uma política de abandono do euro - e tenho certeza que ele não tem nenhuma intenção de fazê-lo. Mas, no momento presente, é muito fácil imaginar uma moratória na dívida, detonando uma crise de confiança, a qual obrigaria o governo a impor um feriado bancário - e assim a lógica de se ater à moeda comum aconteça o que acontecer torna-se muito menos convincente.
E, se a Grécia for de fato excluída do euro, o que ocorrerá com os demais membros instáveis?
Acho que vou me esconder embaixo da mesa agora.