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Endividamento, desalavancagem e a armadilha de liquidez

Este é o título de um novo artigo que escrevi com Gauti Eggertsson, do Fed de Nova York. Arquivo do artigo aqui (pdf). Resumo relativamente informal no VoxEU.

Foto do author Paul Krugman
Por Paul Krugman
Atualização:

Mais detalhes a respeito, posteriormente.

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Atualização: E de volta à realidade.

As costumeiras ressalvas se aplicam ao documento: ele representa a opinião de Gauti e minha, não as do Fed de Nova York. Para os que não têm acompanhado, Gauti vem assumindo a liderança na tentativa de criar um modelo de política em que os juros sobem acima do seu limite zero; o que estamos fazendo no caso é tentar aplicar seus conhecimentos ao problema de como avaliar o que ocorre num "momento Minsky", quando todo mundo decide que a dívida está alta demais.

A seguir, apenas a minha opinião.

A primeira pergunta que muitos leitores podem fazer é: por que isto? Trata-se, na realidade, de um modelo muito simples pelos padrões da moderna macroeconomia, mas que tem algumas equações formidáveis, mesmo baseadas em algumas suposições totalmente falsas sobre a realidade.

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A resposta que costumo dar é que os modelos são uma ferramenta muito importante para aclarar as ideias. Você não tem que acreditar literalmente no seu modelo - na verdade será um louco se o fizer - para acreditar que criando uma explanação simplificada, mas completa, sobre como as coisas funcionam em todos os seus detalhes, o ajuda a ter uma compreensão muito mais sofisticada da real situação. As pessoas que não usam modelos acabam se baseando em slogans que são muito mais simplistas do que os modelos - dívida é ruim, inflação é nociva, poupança é saudável, todos que, num certo momento, podem estar errados.

Os leitores regulares dirão que minhas próprias observações sobre a crise atual ficaram - acho que isso ocorreu- muito mais claras nas últimas semanas. Isso porque venho trabalhando com base neste modelo.

Outra ideia que tive é que, se nosso entendimento da crise atual como um choque de desalavancagem estiver correto, e se o nosso modelo de como as coisas funcionarão na sequência estiver também correto - e acredito em ambas as coisas -, então os deuses realmente nos odeiam. Porque a depressão econômica que acompanha um choque de desalavancagem é ao mesmo tempo gratuito e quase impossível de evitar.

O que quero dizer com isso? O modelo, e de modo mais amplo todo o raciocínio, sugere que não há nenhuma boa razão por que a economia teria de sofrer uma grande queda de produção e no nível de emprego depois de um Momento Minsky. A capacidade está aí e mesmo que algumas pessoas estejam muito endividadas, isso não impede que essa capacidade seja usada para a produção de bens e serviços para outras pessoas.

Mas as políticas que podem impedir essa depressão econômica gratuita - um compromisso com uma inflação mais alta a médio prazo e/ou gastos com fundos públicos - enfrentam preconceitos arraigados. As bases para o choque já foram criadas durante um longo período de relativa estabilidade, especialmente de inflação baixa; é muito difícil para nossos políticos aceitarem que o que era bom em 2000 ou mesmo em 2007 não é mais agora que atingimos o Momento Minsky. E todo mundo está sendo punido pela dívida excessiva; pedir para outros aumentarem sua dívida para ajudar a resolver o problema, mesmo que esse seja o caminho certo, vai ser difícil de convencer.

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Podemos atravessar esse período sofrendo menos danos se tivermos uma liderança vigorosa e uma ideia clara da profissão econômica.

De qualquer maneira, se você queria saber o que está por trás do que venho afirmando sobre nossos apuros econômicos, agora sabe.

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