Mais detalhes a respeito, posteriormente.
Atualização: E de volta à realidade.
As costumeiras ressalvas se aplicam ao documento: ele representa a opinião de Gauti e minha, não as do Fed de Nova York. Para os que não têm acompanhado, Gauti vem assumindo a liderança na tentativa de criar um modelo de política em que os juros sobem acima do seu limite zero; o que estamos fazendo no caso é tentar aplicar seus conhecimentos ao problema de como avaliar o que ocorre num "momento Minsky", quando todo mundo decide que a dívida está alta demais.
A seguir, apenas a minha opinião.
A primeira pergunta que muitos leitores podem fazer é: por que isto? Trata-se, na realidade, de um modelo muito simples pelos padrões da moderna macroeconomia, mas que tem algumas equações formidáveis, mesmo baseadas em algumas suposições totalmente falsas sobre a realidade.
A resposta que costumo dar é que os modelos são uma ferramenta muito importante para aclarar as ideias. Você não tem que acreditar literalmente no seu modelo - na verdade será um louco se o fizer - para acreditar que criando uma explanação simplificada, mas completa, sobre como as coisas funcionam em todos os seus detalhes, o ajuda a ter uma compreensão muito mais sofisticada da real situação. As pessoas que não usam modelos acabam se baseando em slogans que são muito mais simplistas do que os modelos - dívida é ruim, inflação é nociva, poupança é saudável, todos que, num certo momento, podem estar errados.
Os leitores regulares dirão que minhas próprias observações sobre a crise atual ficaram - acho que isso ocorreu- muito mais claras nas últimas semanas. Isso porque venho trabalhando com base neste modelo.
Outra ideia que tive é que, se nosso entendimento da crise atual como um choque de desalavancagem estiver correto, e se o nosso modelo de como as coisas funcionarão na sequência estiver também correto - e acredito em ambas as coisas -, então os deuses realmente nos odeiam. Porque a depressão econômica que acompanha um choque de desalavancagem é ao mesmo tempo gratuito e quase impossível de evitar.
O que quero dizer com isso? O modelo, e de modo mais amplo todo o raciocínio, sugere que não há nenhuma boa razão por que a economia teria de sofrer uma grande queda de produção e no nível de emprego depois de um Momento Minsky. A capacidade está aí e mesmo que algumas pessoas estejam muito endividadas, isso não impede que essa capacidade seja usada para a produção de bens e serviços para outras pessoas.
Mas as políticas que podem impedir essa depressão econômica gratuita - um compromisso com uma inflação mais alta a médio prazo e/ou gastos com fundos públicos - enfrentam preconceitos arraigados. As bases para o choque já foram criadas durante um longo período de relativa estabilidade, especialmente de inflação baixa; é muito difícil para nossos políticos aceitarem que o que era bom em 2000 ou mesmo em 2007 não é mais agora que atingimos o Momento Minsky. E todo mundo está sendo punido pela dívida excessiva; pedir para outros aumentarem sua dívida para ajudar a resolver o problema, mesmo que esse seja o caminho certo, vai ser difícil de convencer.
Podemos atravessar esse período sofrendo menos danos se tivermos uma liderança vigorosa e uma ideia clara da profissão econômica.
De qualquer maneira, se você queria saber o que está por trás do que venho afirmando sobre nossos apuros econômicos, agora sabe.