Islândia-Irlanda mais uma vez

No blog Irish Economy, vi que o Irish Times publicou dois artigos comparando Islândia e Irlanda e concluiu que a Islândia não teve um desempenho melhor. Os artigos não são ruins - mas precisam ser lidos com cautela. Sobre este propósito, gostaria de fazer quatro considerações:

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Por Paul Krugman (The New York Times)
Atualização:

1. Diz-se que a Irlanda agora se consola comparando-se à Islândia. É preciso lembrar que, dois anos atrás, a ideia de que a Irlanda poderia ter um desempenho tão ruim quanto o da Islândia era considerada uma piada de humor negro - era impossível que estivesse tão mal assim.

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2. A Islândia teve um desempenho pior do que a Irlanda em termos de Produto Interno Bruto, mas melhor em termos de emprego. Ocorre que o emprego é muito mais importante porque, havendo emprego, as pessoas acham que a economia funciona. Ao que se pode perceber, há muito menos miséria na Islândia, apesar da queda acentuada do consumo.

3. A Islândia solucionou mais ou menos a sua crise, enquanto a Irlanda não fez nada disso, como mostra o spread do CDS (credit default swap):

 Foto: Estadão

4. O que é mais importante, do meu ponto de vista, é o fato de que comparar o crescimento das exportações - que parece semelhante nos dois casos - pode induzir a um equívoco, porque a Islândia é uma economia muito aberta. O que tem duas implicações: Em primeiro lugar, é mais difícil atingir um dado aumento porcentual das exportações se um país já está exportando grande parte da produção. Em segundo lugar, se o país está mais interessado em sustentar a demanda de bens nacionais, certa variação porcentual das exportações é mais importante.

É possível analisar este último ponto comparando as exportações líquidas com o PIB nos dois países:

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 Foto: Estadão

Exportações Líquidas segundo o Departamento de Estatística da União Europeia em termos porcentuais do PIB.

A variação positiva da Islândia foi quase o dobro da Irlanda - e neste caso estamos falando de 10 pontos do PIB a mais. Trata-se de um considerável estímulo extra, e, considerando que sofreria uma desvalorização, é um fator positivo muito grande para um país que manteve sua própria moeda.

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