Lucy e o futebol americano

O Talking Points Memo diz que os democratas estão em grande parte despreparados para a possibilidade de os republicanos fazerem obstrução na tramitação da reforma do setor financeiro.

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Por Paul Krugman (The New York Times)
Atualização:

Será mesmo possível? Temo que sim. As conversações que tive com funcionários do governo nas últimas semanas me deixaram a sensação de que estavam seguros de que a FinReg não será como a reforma da saúde - e de que aparentemente não estão levando a sério os que (como eu) acham que estão se considerando demasiado seguros.

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Tenho uma teoria a esse respeito. Minha opinião é que os assessores de Obama olharam as pesquisas de opinião, segundo as quais o público está esmagadoramente a favor da adoção de medidas rigorosas em Wall Street, e pressupõem que o Partido Republicano não ousará colocar entraves.

Entretanto, parece-me que eles ainda não aprenderam, nem mesmo agora, que a direita tem uma extraordinária capacidade de criar sua própria realidade: que Mitch McConnell e companhia colocarão, sim, entraves à reforma, embora afirmem que estão contra Wall Street.

Tampouco podemos contar com a possibilidade de o público se dar conta da verdade. A convenção da imprensa da boataria torna, entre outras coisas, surpreendentemente fácil a absorção da mais óbvia hipocrisia.

Para ser bem claro: o que ocorre é uma espécie de coisa tribal (e não quero dizer necessariamente raça, embora seja parte disso). Os da direita radical conseguiram convencer um grande número de americanos de que isso é formado de pessoas como eles, enquanto os progressistas são pessoas estranhas e indignas de confiança; diante dessa situação, os argumentos racionais não influem muito.

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Para quebrar isso, são necessárias campanhas duras e diretas e slogans simples. E, mais uma vez, tenho a sensação de que a equipe de Obama recorrerá ao seu trabalho capilar. Esperemos que ela me demonstre que estou errado.

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