Madoff explica tudo

Enquanto observo a política girando em torno do movimento Ocupar Wall Street, vejo-me pensando em Bernie Madoff. Tente acompanhar meu raciocínio; talvez faça algum sentido.

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Por Paul Krugman (The New York Times)
Atualização:

O caso de Madoff, como o leitor talvez saiba, foi um clássico caso de "fraude por afinidade"; Madoff conseguiu conquistar a confiança de judeus ricos ao convencê-los de que era um deles. A fraude por afinidade está por trás de muitas fraudes financeiras - e está por trás de muitas fraudes políticas também.

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No momento, a campanha contra o OWS tenta basicamente fazer com que os trabalhadores americanos se voltem contra o movimento, ainda que a maioria das pessoas apoie os objetivos do grupo, ao transmitir a impressão de que os manifestantes não são pessoas como você - enquanto que os plutocratas o são. Ora, isto já funcionou muitas vezes no passado; é aí que reside toda a argumentação do livro What's the matter with Kansas. E sua operação pode se dar em muitas direções: o OWs deve ser rechaçado porque é coisa de hippies sujos, Elizabeth Warren é diferente-de-você porque - horror dos horrores - ela é uma professora de Harvard.

E agora, pensando no assunto, a teoria generalizada da fraude por afinidade se estende para além da política, chegando a áreas como a análise financeira. Já indaguei neste blog algumas vezes a respeito das origens da contínua popularidade dos inflacionistas em Wall Street - pessoas que se mostraram equivocadas a respeito de tudo. Suspeito que os economistas que emitem sombrios alertas a respeito de déficits e do crescimento monetário dão a impressão de serem o tipo de pessoa que estes executivos de Wall Street gostariam de ter como companhia no campo de golfe, enquanto os professores barbados não parecem tão atraentes.

O que fazer? Dentro dos limites, deveríamos tentar remediar as dissonâncias sociais desnecessárias. Se a ideia é fazer um protesto em nome dos trabalhadores americanos, acabem com as rodas de percussão. Os guerreiros de classe da direita querem convencer as pessoas que se trata de fato de uma guerra cultural, e aposto que vocês não querem facilitar o trabalho deles.

Mas há limites para tudo. Não, eu não quero aprender a jogar golfe.

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