Concordo; o grande mistério só existe para aqueles que imaginaram a Grande Recessão e o período imediatamente posterior a ela como algo semelhante a um ciclo econômico pré-1990, e não como outro ciclo pós-moderno semelhante aos de 1990 e 2001.
Em especial, vale observar como mudou a produtividade ao longo do ciclo. No momento não tenho tempo para uma explicação adequada, mas proponho a análise deste gráfico:
Olhando bem, pode-se ver que antes de 1990 as recessões eram, em geral, acompanhadas por uma queda na produtividade, em boa medida porque as empresas conservavam seus funcionários com o objetivo de estarem preparadas para aumentar a produção assim que começasse a recuperação.
Depois de 1990, este efeito de "açambarcamento da força de trabalho" basicamente desapareceu; o aumento na produtividade pareceu acelerar nos períodos de enfraquecimento na demanda. Em parte isso pode ter sido um reflexo de mudanças estruturais na economia; pode também refletir a percepção (correta) de que a recuperação a partir de uma recessão induzida por uma crise financeira é muito mais lenta do que aquela que se segue a uma crise criada pelo aperto monetário, imposto pelo Fed para controlar a inflação.
Isso nos leva a uma questão mais ampla: do meu ponto de vista, um dos problemas da política econômica nos primeiros meses do governo Obama residiu no fato de os funcionários mais graduados - assim como muitos economistas de Wall Street - pensarem na Grande Recessão como uma reprise de 1982, e não como uma versão de 2001 de proporções gigantescas.