Ninguém poderia ter previsto

Entre os comentários que ainda não vi serem feitos sobre as dificuldades enfrentadas pela economia americana está o de que o ritmo do crescimento recente nos diz muito a respeito do que estava errado - e do que estava correto - na política econômica.

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Por Paul Krugman (The New York Times)
Atualização:

Afinal, havia praticamente um consenso em relação ao momento em que o estímulo passaria a agir, e o ponto até o qual seus efeitos seriam sentidos. Eis aqui, por exemplo, a estimativa de Mark Zandi:

 Foto: Estadão

Por que o ápice do impacto do estímulo sobre o crescimento se deu em 2009, apesar de apenas parte do dinheiro ter sido gasta? Expliquei tudo isso há algum tempo.

E como foi que as coisas de fato ocorreram? Mais ou menos assim:

 Foto: Estadão

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A correspondência não é perfeita, mas isso já é esperado - outros fatores, principalmente as mudanças nos estoques, fariam com que o ritmo do crescimento real variasse em relação ao do estímulo. Ainda assim, os dois gráficos sustentam a ideia de que o estímulo funcionou enquanto foi aplicado, impulsionando a economia - a mesma conclusão obtida por Adam Posen ao estudar a experiência japonesa da década de 90 (pdf): a política fiscal funciona quando tentamos aplicá-la.

Mas o estímulo ficou muito aquém do necessário para restaurar o pleno emprego - como alertei desde o início. E foi projetado para chegar gradualmente ao fim na segunda metade de 2010.

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Afinal, o que esperávamos que acontecesse? A cavalaria invisível deveria vir nos resgatar.

Nunca compreendi por que o governo Obama pensou que isso fosse ocorrer tão rápido; a história nos diz que os efeitos de uma crise financeira sobre os gastos particulares costumam ser prolongados. E a cavalaria não chegou, é claro.

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