O desvario provocado pelo dinheiro

Eu gostava de citar Charles Kindleberger, já falecido, que costumava dizer que qualquer pessoa que refletisse excessivamente sobre as moedas internacionais enlouqueceria. (A propósito, é o que lembro das aulas; se alguém tiver alguma referência atual, ficaria agradecido.)

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Por Paul Krugman (The New York Times)
Atualização:

Mas estou achando que é necessário expandir a proposição: aparentemente, quase todas as pessoas que pretendem discutir assuntos monetários de qualquer tipo enlouquecem.

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A reação mais adequada à QE2 (nova rodada de flexibilização monetária quantitativa) é: "É...". Não é nada demais. O mesmo é válido no caso da desvalorização do dólar do seu pico durante a crise para o que era mais ou menos no início de 2008.

O tom geral desta discussão faz lembrar de como as pessoas falavam do padrão ouro, quando todos achavam que qualquer intervenção no sagrado papel do metal dotado de precisamente 79 prótons significaria o fim da civilização. Mas faz 80 anos que a Grã-Bretanha deixou o padrão ouro, e, que eu tenha notado, William e Kate não vão se casar num deserto desolado.

O câmbio flutuou livremente por quase 40 anos durante o reinado de São Reagan e do Querido Líder (e os fatos de 11 de setembro não tiveram nada a ver com o declínio do dólar no governo Bush - como eu disse, alguma coisa neste tema faz com que os loucos se revelem).

Em todo caso, dinheiro e política monetária são basicamente questões técnicas, ainda que questões importantes. O destino da sociedade ocidental não está em jogo, nem existe uma grave questão moral em permitir que o poder de compra do meio de troca se deprecie modestamente ao longo do tempo. Portanto, acalmem-se todos vocês.

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