Obsessões fiscais

Wolfgang Munchau está maravilhado com a obsessão dos europeus por um novo e mais vigoroso pacto de estabilidade - ou seja, contendo limitações mais severas para os déficits orçamentários.

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Por Paul Krugman (The New York Times)
Atualização:

A verdadeira ironia é que esse pacto, seja qual for a sua forma, não é nem mesmo relevante para o futuro da zona do euro. Essa afirmação pode chocar. Mas veja as evidências. Contrariamente à narrativa popular, o esbanjamento fiscal teve um papel de menor importância na crise da dívida soberana da zona do euro. (...) No caso da Espanha e da Irlanda, esses países jamais infringiram as regras e, portanto, nunca ficariam sujeitos a sanções, automáticas ou de outra maneira.

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O que Munchau não diz, mas acho que compreende, é que a crise em grande parte é uma extensão do caso do menino com um martelo, para quem tudo se resumia num prego. Banqueiros e economistas adoram ser os ranzinzas fiscais; déficits são uma coisa que eles conhecem e, além disso, denunciar déficits é uma maneira fácil de fazer tudo ressoar como moral e responsável.

No lugar de enfrentar as complexidades dos nossos problemas atuais - como sair da armadilha da liquidez? Como frear as operações bancárias paralelas, feitas na sombra? Muitas Pessoas Muito Sérias gostariam de pontificar para os governos sobre os males do déficit.

Algo que ficou muito claro de onde estou sentado neste momento foi a alegria que a crise grega proporcionou para essas PMSs. Enfim, ali estava exatamente o argumento usado por elas. E essa foi a principal razão de elas ficarem tão ansiosas para "helenizar" tudo que estivesse à vista. Mas posso lhes assegurar que houve muita decepção com o fato de as taxas de juro americanas não subirem.

E, dessa maneira, a elite da Europa está obcecada com um pacto de estabilidade. Para ela é muito mais agradável do que ficar imaginando como, de fato, fazer o euro funcionar.

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