Políticas decisivas precisam ser urgentemente implementadas para evitar que a crise da dívida soberana da zona do euro continue a se propagar e provoque um novo retrocesso na atividade global já frágil, é o que diz a OCDE na sua última Perspectiva Econômica.
A crise do euro continua sendo o grande risco para a economia global, de acordo com o documento. As preocupações com a sustentabilidade da dívida soberana se alastram cada vez mais. Se não solucionado o problema, o contágio recente para países considerados como tendo suas finanças públicas relativamente sólidas podem provocar transtornos econômicos enormes. A pressão sobre os balancetes e financiamentos bancários aumentam o risco de um aperto do crédito.
Um outro grave risco é de que nenhuma ação seja adotada para contrabalançar o forte aperto fiscal decorrente da legislação vigente nos Estados Unidos. O que pode mergulhar a economia numa recessão que a política monetária pouco poderá fazer para impedir.
Isso tudo é perfeitamente sensato. Mas como chegamos neste ponto? Em grande parte ouvindo pessoas e órgãos como a OCDE, que em 2010 exigiram maior rigor fiscal e aumentos de juros. E sim, foram as mesmas pessoas que agora estão apavoradas com as consequências daqueles cortes e gastos e elevação de juros.
Não seria necessário um exame de consciência?
Para ser justo, contudo, não foi apenas a OCDE. Os historiadores, no futuro, examinarão com espanto o Grande Pivô de 2010, em que todas as Pessoas Muito Sérias dos dois lados do Atlântico - e, triste dizer, de ambos os partidos nos Estados Unidos - decidiram que, diante do alto nível de desemprego, crescimento fraco e inflação baixa, o que o mundo realmente precisava era de austeridade.
Na verdade, estou tendo dificuldade para escrever sobre tudo isso; é muito deprimente.