Primeiro, como diz Tim Egan, o principal cálculo político por trás do plano Ryan era a crença de que os pais estariam avidamente preocupados somente com seus próprios benefícios:
O arquiteto do plano, o deputado Paul Ryan de Wisconsin, traçou uma linha divisória na areia atuarial: toda pessoa nascida antes de 1957 não seria afetada. Ela poderia desfrutar do programa de assistência médica socializado, com cobertura universal e abrangente, que permitiu que milhões de pessoas vivessem vidas dignas prolongadas com assistência médica decente.
E seus filhos e netos? Perdão, eles teriam de pegar seu pequeno comprovante e pagar alguma seguradora privada quase duas vezes do que um pai paga pela cobertura governamental básica hoje. Basicamente, os republicanos dividiriam a população entre o segmento Eu-peguei-o-meu e o segmento Os-deixados-para- trás.
E Egan nem sequer menciona o fato de que enquanto os cortes no Medicare seriam protelados, o Medicaid enfrentaria cortes violentos de imediato. E embora boa parte dos gastos do Medicaid sejam em cuidados de enfermagem, muitos de seus beneficiários são crianças. Aliás, como Tim Geithner assinalou com justeza, a essa altura 40% das crianças nascidas nos Estados Unidos estão no Medicaid.
Portanto, o real conteúdo do plano Ryan é pró-velhos, anticrianças. Porque nada serve mais ao futuro do país do que assegurar que seus futuros cidadãos não recebam nutrição e assistência médica adequadas.