Paul Krugman
27 de julho de 2010 | 16h41
Brad DeLong, comentando artigo de Greg Mankiw, escreve:
O argumento de Mankiw é que, como não vimos nada semelhante antes, exceto durante a Grande Depressão, devemos ser humildes e arriscarmos a fazer o inverso – portanto o governo recua e lava as mãos no tocante à situação.
Contudo, mesmo um mínimo e rápido conhecimento da Grande Depressão nos ensina que a crença de que o governo deve recuar e lavar as mãos porque o mercado se autorregula e rapidamente retornaremos ao equilíbrio do pleno emprego é a mais arrogante possível.
E mesmo um mínimo e ligeiro conhecimento da Grande Depressão ensina que esse recuo e o lavar as mãos do governo é a estratégia mais arriscada que se pode conceber.
Correto. Não acho, realmente, que as pessoas avaliam os enormes perigos apresentados por uma resposta débil a uma taxa de desemprego de 9,5% e à mais alta taxa de desemprego a longo prazo até hoje registrada:
Neste exato momento, estou lendo Larry Ball sobre a “
E o tipo de desemprego que estamos vivenciando hoje, com um número muito grande de trabalhadores ociosos por períodos muito longos, é exatamente aquele que pode deixar os trabalhadores permanentemente sem trabalho.
E há sinais de que isso já está ocorrendo. Bill Dickens, um dos que conceberam a rigidez nominal da tendência de queda, disse-me que a curva de Beveridge – a relação entre vagas de emprego e as taxas de desemprego – já parece ter oscilado dramaticamente. No passado, este era um indicador de uma grande piora da NAIRU (sigla em inglês para taxa de desemprego não aceleradora da inflação).
O fato é que, apesar de os legisladores acharem que estão sendo prudentes e cautelosos nas respostas ao problema do desemprego, há uma grande chance de eles estarem nos levando, prudente e cautelosamente, para uma catástrofe em termos de empregos a longo prazo.
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