Trata-se de mais uma daquelas ideias zumbis que permeiam nosso discurso; faz parte da narrativa, e não há prova em contrário capaz de dar cabo dela e nem de impedir os repórteres/editores de reproduzi-la como se fosse um fato inquestionável.
Assim, mais uma vez, eis aqui algumas informações concretas (tiradas do banco de dados do Panorama Econômico Mundial, do FMI). O endividamento enquanto porcentagem do PIB para a Espanha e a Itália:
Antes da crise, a Espanha tinha um endividamento baixo, que recuava cada vez mais. A Itália tinha um alto endividamento herdado do passado, mas estava num constante processo de redução deste endividamento em relação ao seu PIB. Nenhum dos dois países estava gastando de maneira irresponsável - simplesmente não foi isto que ocorreu. Desde o início da crise o endividamento tem aumentado em relação ao PIB, mas é isto que ocorre quando tem-se uma crise econômica.
Pois é, a Grécia. Mas a Grécia é agora uma pequena parte desta história. Como eu disse na coluna de hoje, a Grécia (PIB de aproximadamente US$ 300 bilhões) equivale mais ou menos à Grande Miami (US$ 270 bilhões). Itália e Espanha são as grandes protagonistas, e estes países não estavam - repito: não estavam - agindo com irresponsabilidade fiscal.