PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Destaques do mundo da publicidade

O conflito moral da publicidade: alcance online vale o dano?

Sapna Maheshwari THE NEW YORK TIMES

Por Economia & Negócios
Atualização:

Fazer propaganda na internet nunca foi tão fácil. Dados e automação cada vez mais permitem que empresas pequenas e grandes atinjam milhões de pessoas mensalmente e ajudam essas companhias a produzir anúncios sob medida para grupos específicos com base nos seus hábitos de navegação online ou segmento demográfico. Mas agora o setor de marketing enfrenta um dilema moral face ao debate sobre o papel das notícias falsas na eleição presidencial dos Estados Unidos e o conhecimento de que muitos websites que promovem histórias falsas ou induzem a erro são motivados pelo dinheiro auferido com a publicidade online.

PUBLICIDADE

No seu empenho para chegar aos consumidores que estão navegando na internet, os anunciantes hoje correm o risco de financiar sites nocivos à sociedade. "Prefiro pagar um pequeno ágio como marca e usar sites seguros, que foram verificados", disse Raja Rajamannar, diretor de marketing da Mastercard. O problema é que muitos anunciantes não têm o porte ou recursos financeiros de um Mastercard para abandonar o sistema automatizado como existe hoje. E, mesmo que o façam, há incentivos financeiros sedutores para manter a situação do modo que está.

Grande parte da publicidade online lucra com o atrativo da chamada cauda longa da internet - são sites que atraem um público relativamente pequeno, como blogs de pais recentes ou fóruns de entusiastas de caminhões. A publicidade nesses sites custa uma fração do que é gasto em serviços online mais conhecidos, que normalmente negociam diretamente com os anunciantes. O dinheiro é canalizado para sites menores por meio de um sistema complexo de agências e outras redes, semelhante a uma bolsa de valores. Este sistema, conhecido como mídia programática, permite às marcas coletarem milhões de impressões, termo usado no setor que indica a quantidade de vezes que um anúncio é exibido e pode ter sido visto. Mas a ausência de uma supervisão humana neste setor nascente também induz a confusões e erros.

A tecnologia surgiu para proteger as marcas de modo a não aparecerem em sites de pornografia ou spams, mas as medidas não são eficientes no que diz respeito à desinformação. Para Joe Marchese, presidente da área de produtos de propaganda da Fox Networks Group, o sistema, criado para premiar cliques e impressões, incentivou o crescimento de sites de baixa qualidade além daqueles voltados para notícias políticas fabricadas.

Segundo Marc Goldberg, diretor executivo da Trust Metrics, os esforços para remover esses sites baratos ignoraram o fato de que muitos anunciantes valorizam demais as impressões. Eles preferem não selecionar nem monitorar os websites em que aparecem porque se preocupam em perder destinações potencialmente lucrativas.

Publicidade

Na verdade, o dinheiro que vai para sites de notícias políticas falsas é minúsculo, mas assumiu um enorme significado porque é um reflexo de como os marqueteiros não prestam atenção ao local onde seus anúncios são mostrados. Adolescentes no exterior e empreendedores nos Estados Unidos descobriram que podem ganhar milhares de dólares por mês escrevendo notícias totalmente exageradas ou inventadas para serem difundidas no Facebook.

Facebook e Google pretendem controlar a desinformação. No início do mês a rede social anunciou que, a título experimental, vem permitindo que os usuários informem sobre material falso e está firmando parcerias com organizações especializadas em checar e comprovar os fatos.

Andrew Casale, diretor executivo da Index Exchange, estima que todos os títulos de propriedade das principais empresas de mídia tradicionais, incluindo The Washington Post, Hearst e Condé Nast, provavelmente responderam por 5% ou menos dos trilhões de impressões de anúncios à venda diariamente. A despesa total nas exibições automatizadas de banner e anúncios por vídeo deverá subir para US$ 18,7 bilhões este ano em todo o mundo e os Estados Unidos representarão metade desse valor, segundo a empresa Magna Global. /TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.