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José Vicente Caixeta Filho

E a tal da logística?

No caso do contexto agrícola, uma grande parte dos produtores não possui um local adequado para o armazenamento da produção, o que obriga que cargas como as de grãos sejam colocadas nas carretas de transporte logo no momento da colheita.

Por Jose Vicente Caixeta Filho
Atualização:

A logística está relacionada com a administração de distribuição e manuseio de cargas. A utilização dos princípios logísticos tem sido muito valorizada, visando a otimização da eficiência das operações de transporte, que podem em muitos casos, determinar as vantagens competitivas de um dado sistema. Deve-se colocar o produto no lugar certo, na hora certa, minimizando custos.

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As variáveis de logística que se constituem em fatores redutores de custo envolvem, entre outros: prazos para carga, descarga, saída e chegada; destino; origem; trajeto; modalidade; embalagem; perdas; características técnicas dos veículos; volume de ativos e pessoal empregado; características do mercado (interno, exportação ou importação).

O custo total do transporte pode também ser aumentado em função do custo de oportunidade do veículo parado, decorrente do tempo perdido em filas ou da espera durante operações lentas de carga e descarga.

Quando se considera o custo da operação de transporte, é fundamental tecer considerações a respeito da produtividade dos veículos para definir se os valores considerados são pertinentes. Os custos fixos são diluídos em função da atividade do veículo, a qual é afetada pela demanda de transporte, disponibilidade de cargas de retorno e pelas operações de carga e descarga.

Conforme as distâncias envolvidas diminuem, maior o impacto das operações de carga e descarga para a produtividade do veículo. Os ofertantes, em geral, evitam operar em trechos curtos. Como são remunerados por quilômetros rodados, o custo do quilômetro passa a ser maior para compensar o tempo perdido nas origens e destinos.

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De uma maneira geral, independente do procedimento logístico, é comum haver entraves durante o processo de carga e descarga, o que leva o veículo a ter que esperar algum tempo junto a fornecedores, portos ou na própria indústria. Isso ocorre em função da característica do sistema operacional, de eventuais falhas de ordem técnica e das próprias condições climáticas.

No caso do contexto agrícola, uma grande parte dos produtores não possui um local adequado para o armazenamento da produção, o que obriga que cargas como as de grãos sejam colocadas nas carretas de transporte logo no momento da colheita. Desse modo, a operação de carregamento torna-se, além de mais demorada, totalmente dependente das condições climáticas. Quando ocorrem imprevistos, o motorista de um veículo rodoviário - por exemplo - pode ficar retido na propriedade rural sem poder seguir viagem.

Outro desafio logístico que merece destaque é a possibilidade de se reduzir as distâncias em que os veículos andam vazios. Por outro lado, a carga de retorno só é interessante caso esteja disponível para o carregamento, tão logo seja descarregada a carga principal. Se obter uma carga de retorno significar aguardar estacionado, pode ser preferível voltar com o veículo "batendo lata" a assumir despesas de estacionamento e o custo de oportunidade do caminhão parado. Exemplos representativos de cargas de retorno, a partir dos portos, envolvem trigo e fertilizantes.

Nesse sentido, ao se analisar uma região específica é possível identificar cargas complementares e concorrentes entre si, sempre levando em consideração o tipo específico do veículo a ser utilizado. No caso da região Centro-Sul para os granéis sólidos, categoria em que a maior parte das commodities está inserida, as principais cargas complementares são: fertilizantes e trigo, em função da ausência de contaminação do veículo. Cimento, por exemplo, apesar de possuir um fluxo muitas vezes contrário à commodity (sentido porto - interior), não pode ser considerada uma carga complementar devido à contaminação do equipamento de transporte, inviabilizando o transporte de alimentos. Dessa forma, o cimento, assim como a areia e material para produção de asfalto, são grandes concorrentes do mercado de commodities transportadas pelo modal rodoviário.

Vale também ser mencionada a questão da intermodalidade. Quando se deseja operar com outras modalidades de transporte (ferrovia, hidrovia etc.), é necessário avaliar as implicações causadas pelas operações de transbordo. Essas operações podem acarretar perda física significativa da mercadoria, e consequente quebra de transporte, além de implicarem maiores probabilidades de se ter um veículo parado.

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