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José Vicente Caixeta Filho

Em tempos de crise

Gerenciar qualquer tipo de atividade com limitação de recursos (financeiros, inclusive) parece ser o nosso atual desafio. Isso implica racionalização e otimização de ações voltadas ao bem-estar social.

Por Jose Vicente Caixeta Filho
Atualização:

Em tempos de crise, certamente o mau humor predomina.

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Eleição presidencial por demais acirrada, taxa de câmbio depreciando de forma excessiva o Real brasileiro, escândalos das naturezas mais diversas, protestos e manifestações nas ruas, tudo isso talvez atrelado a um pífio crescimento do PIB nacional(divulgado no final do último mês de março), que disse respeito a apenas 0,1% em 2014. Em valores correntes, a riqueza gerada pela economia brasileira em 2014 atingiu R$ 5,52 trilhões (ou US$ 1,73 trilhão). Já o PIB per capita ficou em R$ 27.230 (na média, algo em torno de R$ 2.200 mensais - viva a média!). Por setores da economia, a Indústria se retraiu em 1,2%, os Serviços cresceram 0,7%, a Agricultura observou um incremento de 0,4%, os Investimentos caíram 4,4% e o Consumo das famílias cresceu 0,9%.

Entendo que esses números, sempre relativos a um período anterior, têm que ser vistos com muita cautela. Se uma determinada economia cresce num determinado ano - digamos - 10% e no ano seguinte decresce - digamos - 4%, e continua mesmo assim a figurar entre as economias mais ricas do mundo, talvez esse tipo de informação não seja suficiente para deflagrar um processo de crise.

Sim, o caso brasileiro é um pouco mais complicado. Nossas instituições entraram em total descrédito. As contas não têm fechado: seja segmento público ou privado, gasta-se mais do que se recebe. Inflação em alta. Mais: a distância que separa as classes mais abastadas da classe média é ainda bastante elevada.

O consumidor e o investidor, por exemplo, em tempos de incerteza (ao que chamamos de crise), diminuem o ritmo de suas operações, têm medo.

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A empresa tende a vender menos. E para voltar a algum tipo de equilíbrio, corta custos fixos (principalmente), demitindo pessoas. Que vão se juntar a outras também com poupança e auto-estima em baixa. Comprando e investindo menos. E o círculo vicioso se torna mais e mais evidente. Níveis de inadimplência no país se encontram em altos patamares (já começou a liquidação de carros semi-novos por um grande número de agentes financeiros, nos moldes daquilo que já aconteceu com o setor imobiliário dos EUA).

Em momentos como esses, lideranças têm que exercer seus importantes papéis e atuar de maneira firme sobre seus efetivamente liderados. Nesse sentido, nossa agricultura tem uma oportunidade importante (circunstancial?) para exportar maiores volumes e aumentar suas receitas em Reais. Segmentos voltados a outras commodities ditas não agrícolas (diversos de nossos minérios, por exemplo), podem seguir o mesmo caminho.

Gerenciar qualquer tipo de atividade com limitação de recursos (financeiros, inclusive) parece ser o nosso atual desafio. Isso implica racionalização e otimização de ações voltadas ao bem-estar social.

O setor agrícola pode dar esse testemunho. Mais uma vez.

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