Foto do(a) blog

José Vicente Caixeta Filho

Jovens talentos para a pesquisa agropecuária brasileira

Trabalho vencedor estudou o potencial das rizobactérias em promover o crescimento da produtividade através de mecanismos diversos, incluindo o de fixação biológica de nitrogênio, o que poderá resultar em reduções significativas no uso de insumos químicos para a produção agrícola.

PUBLICIDADE

Por Jose Vicente Caixeta Filho
Atualização:

Foi realizada em 25/11/2014, em Brasília, a cerimônia de entrega do "Prêmio Novos Talentos para a Agricultura Sustentável", promovido pelo Instituto Fórum do Futuro e pela Rede de Fomento da Integração Lavoura, Pecuária e Floresta.

PUBLICIDADE

O objetivo da iniciativa é aproximar os estudantes das oportunidades acadêmicas, científicas, profissionais e de empreendedorismo embutidas no desafio de aumentar a produção de alimentos em escala planetária e, ao mesmo tempo, intensificar a sustentabilidade dos sistemas produtivos. Assim, numa primeira etapa, as melhores propostas de alunos de graduação e pós-graduação foram selecionadas em suas instituições acadêmicas para irem à Brasília. Participaram dessa fase a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal de Lavras (UFLA), a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ) da Universidade de São Paulo.

A competição distribuiu entre os ganhadores prêmios no valor de R$ 55 mil, que visam apoiar a formação de "Start Ups" a partir das ideias selecionadas.

A melhor ideia foi assinada por Bruna Durante Batista, doutoranda em Genética e Melhoramento de Plantas da ESALQ/USP, orientada pelas professoras Aline Aparecida Pizzirani-Klainer (in memorian) e Maria Carolina Quecine Verdi, do Departamento de Genética da ESALQ/USP (participaram ainda do trabalho vencedor a estudante de Ciências Biológicas Andrea Ferrari e o Professor João Lúcio de Azevedo, também do Departamento de Genética da ESALQ/USP). Em síntese, os pesquisadores encontraram nas raízes da planta do guaraná, da Amazônia, bactérias capazes de estimular a produtividade da soja e do milho. As rizobactérias têm o potencial de promover o crescimento da produtividade através de mecanismos de fixação biológica de nitrogênio, entre outros. O conceito central da pesquisa revelou o enorme potencial de inovação disponível no patrimônio de biodiversidade do país.

Certamente o Brasil retém uma das maiores reservas de biodiversidade mundial, com uma flora rica e ainda por ser descoberta. Associadas a essas plantas, em especial bem próximas às raízes, encontram-se as rizobactérias. Essas bactérias têm sido estudadas pelo seu potencial de promover o crescimento vegetal e consequente aumento da produtividade agrícola através de mecanismos como a fixação biológica de nitrogênio, solubilização de fosfatos, produção de ácido indol-acético, entre outros. Assim a equipe de pesquisa da ESALQ/USP, visando explorar de maneira sustentável o uso de microrganismos associados a plantas, propõe um método de promoção do crescimento de milho (Zea mays) e soja (Glycine max) a partir da bacterização de sementes utilizando a rizobactéria RZ2MS9 (Bacillus sp.), isolada do guaranazeiro (Paullinia cupana), uma espécie vegetal típica da Amazônia. O Bacillus sp. RZ2MS9 apresentou, em casa de vegetação, efeito expressivo de promoção de crescimento vegetal com aumentos de até 230% e 90% do peso seco do milho e da soja, respectivamente, comprovando seu potencial como bioinoculante para aplicação também em campo, o que resultará em reduções significativas no uso de insumos químicos para a produção agrícola.

Publicidade

A equipe que conquistou o segundo lugar, liderada por Mateus Moken Ganen, do curso de Engenharia Aeroespacial da UFMG, desenvolveu um Vant (veículo aéreo não tripulado) para monitorar as áreas de plantio munido de um software capaz de indicar com apurada precisão, dentre outros parâmetros, o grau de necessidade de aplicação de defensivos. A proposta visou a redução de custos para os produtores, além do impacto ambiental positivo.

O trabalho apresentado por Luciana Pinto, da UFLA, terceiro colocado, também vislumbra retornos importantes na área ambiental, já que busca usar produtos de baixo custo para ampliar a eficiência de agroquímicos, reduzindo a sua aplicação.

A equipe de Luiz Fernando Favarato, coordenada pelo Professor João Carlos Cardozo Galvão da UFV, foi premiada em quarto lugar pelo desenvolvimento de um equipamento inovador que permite o plantio orgânico em larga escala.

(com a colaboração de Fernando Barros e de Alicia Nascimento Aguiar)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.