Mórris Litvak
28 de janeiro de 2020 | 10h16
Desde que iniciei o trabalho com a MaturiJobs, há quase cinco anos, além de auxiliar as empresas na contratação de profissionais acima de 50 anos, fazemos a capacitação desses profissionais para ajudá-los a encontrar novos caminhos profissionais. Apesar do crescente interesse das empresas neste assunto, o número de vagas para quem já é um “maturi” ainda é pequeno e por isso nessas capacitações falamos muito sobre as alternativas ao emprego formal, como o trabalho autônomo e as possibilidades de empreendedorismo.
Entretanto, para muitos 50+ que estão nessa fase de busca por um novo caminho profissional as dúvidas são muitas e a maioria deles se sente “no limbo”, de forma que temos trabalhado cada vez mais a questão do autoconhecimento antes de entrar de forma mais prática em novas habilidades e possibilidades.
Isso acontece porque a grande maioria das pessoas não tem nenhum tipo de preparação ou planejamento para esta situação. Ao longo do tempo percebemos que há poucas empresas que fazem o PPA (programa de preparação para aposentadoria), que normalmente é oferecido a um grupo restrito de colaboradores que estão de saída em função da idade/aposentadoria e o foco acaba sendo o planejamento financeiro e a qualidade de vida.
Porém, muitos não participam desses programas pela conotação negativa que acaba tendo no sentido de ser para quem está de saída e ganhando apelidos como “programa para os velhinhos” e afins. Outras empresas oferecem programas de outplacement, por meio de consultorias que focam na recolocação e normalmente restritos a colaboradores no nível de diretoria para cima. Acontece que, dependendo da idade do profissional, a recolocação é quase impossível ou mesmo não é mais desejada no formato tradicional.
Por isso nós criamos um “programa de preparação para a vida profissional fora do mundo corporativo” e auxiliamos organizações a repensarem não só “o quê” mas “como” oferecer esse tipo de auxílio aos seus colaboradores maduros, pois a forma de comunicar faz toda a diferença.
Em uma pesquisa feita em 2018 com membros da comunidade MaturiJobs, descobrimos que 90% das pessoas (50+ em busca de novas oportunidades) não teve esse tipo de preparação em seu último emprego, mas gostariam de ter tido, e ficou clara a diferença que faz para quem passou por um programa como esse: quem não se prepara acaba ficando completamente perdido, o que gera ansiedade e depressão, podendo causar problemas de saúde.
É preciso manter os estudos: aprender, desaprender e reaprender para não ficar para trás. Foto: Pixabay
Portanto, seguem aqui algumas dicas fundamentais para quem já saiu e também para quem está no mundo corporativo:
As empresas têm o papel de olhar para seus colaboradores mais maduros e auxiliá-los neste planejamento, mas precisam entender a realidade destas pessoas. Fazendo este trabalho da maneira correta e com o genuíno intuito as organizações reforçam seu employer branding.
Já os profissionais também têm a responsabilidade de buscar ativamente essa preparação e planejarem sua vida profissional pós-corporativa independentemente da empresa, tomando as rédeas da sua carreira e do seu futuro.
* Mórris Litvak é fundador e CEO da MaturiJobs e da MaturiServices (plataformas de recolocação e desenvolvimento profissional para pessoas 50+), graduado e pós-graduado em engenharia de software pela FIAP de São Paulo (morris@maturijobs.com).
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