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Opinião|Entrevista com o CEO - Teodoro López, da Everis

'Executivo tem de sonhar e motivar pessoas a segui-lo'

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( Foto: Werther Santana/AE)

Quando deixou Fuente el Fresno, pequena cidade de apenas 3 mil habitantes na província espanhola de Ciudad Real, para cursar o ensino médio num seminário e, posteriormente, engenharia em Madri, Teodoro López Palacios não tinha em seus planos ser presidente no Brasil de uma companhia de seu país.  Desde 2007, ele está aqui ajudando a consolidar a Everis, uma consultoria de negócios, tecnologia e outsourcing.

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Assumir o comando da filial brasileira da empresa, em 2010, foi o momento mais marcante de sua carreira, revela ele, que hoje está com 40 anos de idade.  Graduado em engenharia em informática pela Universidad Pontifica Comillas, possui master em auditoria de sistemas de informação pela Information Systems Audit & Control Association.  A seguir, trechos da entrevista.

Como foi sua trajetória até chegar ao Brasil? Sou espanhol e nasci numa cidadezinha de 3 mil habitantes.  Tive de migrar para um seminário para cursar o ensino médio, pois lá só havia escola básica.  Fui para o seminário, e os padres, posteriormente, me ajudaram a estudar na universidade em Madri.  Depois, em 1996, entrei na Price Waterhouse e fiquei até 1998.  Em seguida, fui para a Everis e depois de quatro, cinco anos, trabalhando na empresa na Espanha fui enviado para o Chile.  Fui acompanhar o desenvolvimento do negócio voltado, primeiramente, para o âmbito financeiro, bancos.  O processo deu certo, e chegamos a ser a maior empresa do Chile na área.  Acabou meu tempo lá e em 2007 eu estava voltando para a Espanha.  Minha mudança já estava num navio quando me propuseram vir para o Brasil.  A empresa queria avançar no continente pela consolidação e crescimento no Brasil.  Eu nunca tinha vindo para cá, não conhecia o País, tinha muita simpatia pelo Brasil, mais por causa do futebol.  Finalmente, achei que era um mercado atrativo, uma situação desafiadora, aceitei e vim para liderar, inicialmente, o desenvolvimento do negócio no âmbito de telecomunicações.

E como foi aqui? Estou na Everis desde 1998.  Cheguei ao Brasil em 2007 e nos dois primeiros anos fiquei desenvolvendo negócios no âmbito de telecomunicações.  Posteriormente, me tornei vice-presidente de operações e, em 2010, assumi a presidência.

Em que cargo você começou na empresa? Foi como consultor.  Passei por praticamente todas as categorias profissionais da Everis, percorri toda a carreira nesta empresa.  Ainda na Espanha, eu cheguei a ser gerente e, no Chile, virei diretor.  Depois, vim para o Brasil e alcancei o posto de presidente da companhia.

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O que foi mais difícil aqui? Chegar e ter a responsabilidade de desenvolver negócios aqui realmente impressiona.  Impressiona pela complexidade, pela dificuldade, pelo tamanho do mercado, pelas diferenças culturais no momento de fazer negócios.  Você encontra uma cidade como São Paulo um monstro pelo tamanho, gigante, e aí pensei: 'E agora, o que faço?'.  Suei frio, fiquei nervoso e pensava: 'Como faço isso? ' Porque aqui tudo é realmente muito diferente.  Tive de tentar me envolver ao máximo para entender a diferença cultural em todos os âmbitos.  Hoje, considero que minha casa é aqui.

Você participa da escolha dos principais colaboradores? Participo, fundamentalmente, da escolha dos executivos, gerentes e diretores.  Para mim, além da competência técnica, conhecimento de mercado e tudo o mais, é fundamental ter empreendedorismo, que o candidato se sinta um empresário.  Procuro executivos que comprem um projeto de longo prazo, se comprometam com ele e, além disso, tenham as competências técnicas necessárias a sua função.  Mas, fundamentalmente, sejam comprometidos com o projeto.

Qual foi o momento mais marcante na sua carreira? Foi quando virei presidente da Everis Brasil.  Foi como alcançar um sonho, até porque nunca pensei que poderia chegar até aqui.  Tinha como objetivo chegar a sócio da companhia, mas não virar presidente numa operação tão importante para a Everis como o Brasil, que hoje é a operação mais relevante depois da Espanha.  Então, chegar ao cargo, foi muito marcante.  Mas também é uma grande responsabilidade.  Preciso estar a altura das circunstâncias.

Quais são os seus conselhos para quem está começando na carreira de executivo? O principal conselho é que a diferença fundamental está na atitude das pessoas, nos valores que elas têm.  Afortunadamente, hoje temos um monte de pessoas que têm acesso cada vez maior à educação.  Mas ser executivo de uma companhia exige qualidades que vão além das técnicas, como a confiança de que as pessoas realmente queiram trabalhar com você, que seja capaz de transmitir motivação para as pessoas, de sonhar e motivar os colegas para acompanhá-lo.  Também ter valores como integridade, honestidade, transparência, entre outros são fundamentais para ser um líder e, no futuro, possa ser um executivo. /Cláudio Marques

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