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Opinião|"Foi a paixão que me trouxe até este cargo"

Cláudio Marques

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Atualização:

A carreira de Marcelo Publiesi, de 36 anos, cresceu junto com a Direct Talk, companhia fundada no ano 2000 e que desenvolve softwares para relacionamento entre empresas e clientes. Ele foi o funcionário número da empresa que fatura em torno de R$ 15 milhões, tem 62 colaboradores e seus produtos estão presentes em 280 operações espalhadas pelo País. Tem clientes como Sky, Netshoes, Natura, Vivo, BV Financeira, PDG, empresas e-commerce e call centers, a Liberty Seguros e Whirlpool, entre outros. Formado em administração, Pugliesi começou como vendedor e desde setembro do ano passado ele se tornou o CEO da companhia, trocando de cargo com um sócio-fundador. Segundo Pugliese, a paixão pelo que faz foi fundamental para chegar ao posto atual. A seguir, trechos da entrevista.

 Foto: Estadão

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Como você se tornou CEO? Foi meio circunstancial. Comecei minha carreira como vendedor em um programa de trainee da Câmara Americana de Comércio, que era basicamente um programa de vendas e marketing. Depois fui trabalhar em banco de investimento, mas eu gosto mesmo é desse negócio de internet. Então, eu vim trabalhar na Direct Talk para começar uma equipe de vendas. Fui o primeiro funcionário e fui me apaixonando pelo que estava sendo construído. Isso foi o que fez eu virar CEO desde o ano passado.

Como assim? Foi o desejo de ver nossos objetivos se materializando. Acho que essa paixão verdadeira, que faz bater o coração mais rápido, foi o que me trouxe até aqui. E aqui no cargo, às vezes você se sente solitário, às vezes impotente, outras vezes extremamente confiante. É uma montanha russa, mas divertida.

Você entrou na empresa no ano 2000? Isso. Um dos sócios fundadores havia trabalhado comigo naquele programa de trainee e estava procurando pessoas para iniciar a empresa. Minhas maiores habilidades sempre foram ouvir cliente, vender, estabelecer essa conexão, entender as necessidades do cliente. E ele me convidou. Mas você chega a uma startup e é o único funcionário - eram os dois sócios e eu -, você faz de tudo. E eu comecei a aprender todos os meandros deste negócio aqui. Eu registrei software no INPI, elaborei minuta de contrato e só não desenvolvia software porque não tinha a menor condição de fazer. A empresa foi crescendo e fui crescendo com ela. Fomos passando por várias fases e eu me sinto um pouco dono e muito à vontade para discutir vários aspectos do negócio. Então, eu fui de vendedor e faz-tudo a diretor comercial. Depois, fui para o marketing.

Como foi essa fase? Em determinado momento eu estava muito forte no marketing, fazendo um trabalho de comunicação com o mercado, principalmente de entendimento das necessidades do mercado e do desenho de produtos que nossos clientes pediam. A minha tarefa passou a ser, então, a de um elo com o mercado, de me conectar aos clientes próximos, não com o intuito de vender, mas muito mais para trazer inputs para que a empresa pudesse estabelecer novos produtos e serviços para atender a essas necessidades.

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Como chegou a CEO? Em setembro do ano passado havia uma discussão interna. Um dos sócios era CEO, mas suas aptidões, na verdade, eram muito mais voltadas para produtos e tecnologia. Nós conversamos e vimos que a situação estava meio invertida, pois o CEO é uma figura que deve estar mais conectada com o mercado, com investidores, acionistas e com os clientes. Ele deve ser mais a cara da empresa do que ficar definindo produtos. E aí trocamos de papel, literalmente. Esse sócio-fundador assumiu a posição que até então era minha, e sentei na cadeira dele, assumindo como CEO. Durante o seu percurso, qual foi a sua de maior dificuldade? A nossa primeira grande dificuldade foi com o estouro da bolha da internet em 2001. Tínhamos a expectativa de receber uma rodada de investimento grande, e praticamente todos os investidores sumiram do mapa e nos vimos numa encruzilhada do tipo segura o negócio ou desiste dele. O que foi feito para superar a situação. E o que você aprendeu? Resolvemos seguir em frente. E assim, da noite para o dia, recebemos, via fax, o OK de duas grandes empresas. Elas contrataram nossos serviços. Eram a Whirlpool e a Scania. E esses dois projetos praticamente salvaram nossa vida, pois nos fizeram acreditar que aquilo que fazíamos, tudo aquilo que tínhamos como ideal de empresa, estava sendo validado e que deveríamos seguir em frente. Foi isso, a validação do nosso projeto, mais do que o dinheiro, que reacendeu a chama da vontade de mudar o mundo com nossos produtos. Deu muita força. E no ano seguinte nós conseguimos um sócio investidor. Ao longo de 2002, conseguimos uma base de quase 80 clientes e começamos a deslanchar.

E o aprendizado? Eu vou cair no clichê, mas quando você gosta do que faz, que você acredita naquela sua visão, no seu sonho, é apaixonado por aquilo, você consegue ir além e driblar os obstáculos. Sei que é muito clichê, mas eu senti isso, vivi e aprendi isso.

Em relação aos colaboradores, qual é o seu papel de líder? O papel que procuro desempenhar como líder é o de ajudar a tomar decisão. Eu tenho um perfil de ser um pouco menos receoso, eu assumo um pouco mais de risco, e ajudo muito as equipes a tomar decisões. Acredito muito na figura do líder que permite às pessoas entregarem resultados e fazer com que aflore o melhor delas. Meu papel também é informar muito. E todo mundo sabe quanto a empresa fatura, quanto são as despesas, tratamos de tudo isso abertamente. A ideia é ter uma equipe mais consciente, que consiga tomar decisões e entender como essas decisões vão afetar o negócio. Obviamente, se eu entendo que alguma coisa também não é aderente com nossas estratégias e com nossos negócios eu também tenho o poder de ir lá, alertar, mostrar e às vezes até falar não, não é por aqui. Acho que o líder hoje é aquele que ajuda e permite que a equipe trabalhe, não é mais o super-herói que havia antigamente.

Quais são as dicas que você dá para quem está começando e pretende seguir a carreira de gestor, de executivo? Que escutem sua intuição para fazer aquilo que gostam. Porque o trabalho é grande parte de nossa vida. Eu passo mais tempo no escritório do que em casa com a minha família, com a minha mulher. E se você não fizer o que você gosta, a chance de dar errado é muito maior. Já não é fácil dar certo fazendo o que se gosta, então se não fizer o que gosta, se não tiver a paixão e o desejo, eu tenho quase certeza de que é a receita para não ter sucesso.

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