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Opinião|Nem tudo é glamour no dia a dia dos CEOS

Eliane Sobral/ Especial para o Estado

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Por Redação
Atualização:

Se o carro zero quilômetro já não é o sonho dos jovens que chegam à maioridade isso é um problema para os dirigentes desta indústria. Responder pela administração e rendimento do dinheiro de terceiros também não é sinônimo de boas noites de sono. E o que dizer de quem precisa garantir que a carga refrigerada chegue em boas condições a seus destinos quando as estradas estão travadas por caminhoneiros em greve?

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Estar no topo da cadeia corporativa é o objetivo da maioria dos executivos, independente da nacionalidade ou do setor de atuação. Mas o dia a dia de um CEO normalmente tem mais espinhos do que pode fazer crer o status e os bônus inerentes ao cargo.

Depois de trabalhar em mercados estáveis como Alemanha, França e Estados Unidos, o francês Frédéric Sebaggh assumiu o comando das operações da alemã Continental e responde pelos negócios no Brasil, Argentina, Venezuela, Colômbia e Chile. À exceção destes dois últimos, o dia a dia do executivo e seu time é uma difícil partida de xadrez para driblar crises políticas, econômicas, ou a combinação das duas ao mesmo tempo.

As chances de Sebaggh morrer de tédio parecem pequenas, mas ele diz que é um tanto frustrante estar diariamente no olho do furacão, tentando administrar variáveis que não se pode controlar. "Na América do Sul vivemos no topo do vulcão. É preciso muita flexibilidade para se adaptar a um cenário constantemente em mudança." O resultado prático dessa volatilidade, diz ele, é a dificuldade em vencer países mais estáveis numa disputa por novos investimentos, por exemplo.

Há vagas - Quando assumiu o comando da Superfrio Armazens Gerais, em janeiro de 2016, Francisco Moura recebeu a incumbência de levar a companhia à liderança de seu mercado, até o ano de 2020 - atualmente a empresa ocupa o quarto lugar, segundo ele. "Temos uma meta bastante ambiciosa, uma estratégia muito bem desenhada mas o ambiente estabelecido no Brasil não é nenhum pouco favorável aos negócios", diz o engenheiro especialista em logística.

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Moura perdeu algumas noites de sono na semana em que os caminhoneiros pararam o Brasil e a carga refrigerada dos clientes esperava nas estradas. Ele não revela o tamanho do prejuízo mas diz que o resultado negativo do mês terá seu impacto no balanço do final do ano. "Você precisa garantir a qualidade do serviço prestado ao cliente, prestar atenção à concorrência, cuidar do time e estar preparado para adversidades como esta. Afinal, é preciso entregar o resultado positivo no fim do exercício e cumprir a estratégia de negócio traçada pelos acionistas", completa.

Apesar dos percalços, o CEO da Superfrio quer atrair os jovens talentos que estão prestes a ingressar no mercado de trabalho. "A área da logística está crescendo acima da média no Brasil e vai ter muita oportunidade de trabalho,", afirma Moura que é um dos 23 participantes do CEO Por Um Dia, programa internacional da Odgers Berndtson, realizado no Brasil em parceria com o jornal O Estado de S.Paulo, a PDA Internacional, Machado Meyer Advogados e Centro de Carreiras da FGV Eaesp.

Esqueça Hollywood - O ambiente é favorável também para quem tem perfil de liderança e quer fazer carreira no outrora cobiçado mercado financeiro. Outrora porque o glamour acabou desde que a crise do subprime do mercado americano se alastrou derrubando economias mundo a fora. Ainda é uma área com boa remuneração e bônus atraentes mas já não existe mais a época do toque de midas, em que se fazia dinheiro com muita facilidade e rapidez, segundo Carlos Zanvettor, CEO da Rio Bravo Investimentos. Hoje, lembra ele, os maiores gestores de Estados Unidos e Europa trabalham com métodos, processos e repetição de práticas o que torna o trabalho menos emocionante do que Hollywood costuma retratar.

"A crise de 2008 mudou o perfil do mercado e o modus operandi. Ainda assim, continua sendo um bom setor para se estar. É um ambiente desafiador e comporta profissionais de diversas formações", avalia Zanvettor para quem, o maior desafio é estar antenado nas tendências, no que está por vir. "É antecipar crise e oportunidade. Especialmente oportunidades", completa ele que tem sob sua responsabilidade a gestão de um fundo de investimentos da ordem de R$ 12,6 bilhões.

Bola de Cristal - Se não chegam a causa insônia no CEO da Rio Bravo, a imprevisibilidade da economia brasileira e os constantes vai e vem na política elevam, e bastante, a tensão no dia a dia do executivo e de seu time. "Ter os melhores talentos na minha equipe não é só um desejo. É uma questão de entregar ou não os resultados".

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Eduardo Centola, CEO do Banco Modal e também participante do programa CEO Por Um Dia, concorda que montar um time capaz de lidar com as adversidades e aprender a delegar a administração do dia a dia é parte indispensável da receita. Porém, segundo ele, tem uma coisa que sempre vai sobrar para o CEO e o conselho de administração, que é responder o que vai acontecer no futuro próximo.

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E a pergunta não se resume ao cenário político-econômico, diz o executivo. A tecnologia vai mudar todos os setores da economia, inclusive os bancos. Vai mudar a forma como se lida com clientes, como se ganha dinheiro. "Você pode ser um excelente CEO, formar uma bela equipe e entregar os melhores resultado mas, se acontece algo que você não percebe, pode esquecer", decreta Centola.

A capacidade de administrar as variáveis do imponderável, entregar o resultado esperado pelos acionistas e manter funcionários motivados são as credenciais necessária para ingressar, e permanecer, no topo da cadeia de comando do mundo corporativo. Em breve, os 23 universitários selecionados no programa CEO Por Um dia vão ver como isso se dá na prática.

 

 Foto: Estadão

Eduardo Centola, CEO do Banco Modal

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