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Opinião|Produtividade e prioridades: pesquisa compara trabalho em 2013 e em 2020

Estudo publicado na 'Harvard Business Review' mostra que o trabalho remoto na pandemia permitiu que o profissional pudesse focar em atividades mais relevantes do que na rotina presencial, diz especialista

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Atualização:

Nos últimos meses, diversas empresas anunciaram iniciativas para ampliar o trabalho remoto, de forma parcial ou total. Esse modelo pode representar vantagens em vários aspectos, principalmente entre "profissionais do conhecimento", que não se resumem ao trabalho "braçal" ou automático.

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Uma pesquisa publicada na Harvard Business Review em 31 de agosto, feita pelos pesquisadores Julian Birkinshaw, Jordan Cohen e Pawel Stach, comparou o tempo que profissionais do conhecimento dedicavam a cada tarefa no seu dia a dia presencialmente (em 2013) e durante a pandemia do coronavírus (em 2020). Em 2013, profissionais passavam quase 40% do tempo em reuniões - muitas vezes com vários participantes.

Com a pandemia, várias reuniões desnecessárias deixaram de acontecer, passando a ocupar "apenas" 26% do tempo dos profissionais. Esse tempo passou a ser utilizado de forma mais produtiva, em atividades que acabavam ficando em segundo plano, como o contato com parceiros/clientes (dobrou em relação a 2013) e em atividades de desenvolvimento pessoal/treinamento (cresceram de 1,5% para quase 9%).

O trabalho remoto também tem permitido que os profissionais tenham maior controle sobre a priorização das tarefas. Enquanto metade do tempo continua sendo dedicado a atividades que são parte essencial do trabalho ou solicitadas pelo gestor, a priorização dos outros 50% do tempo variou bastante.

O tempo dedicado a realizar alguma tarefa "porque um colega pediu", caiu de 26% para 8% - ou seja, a falta de encontros presenciais tem diminuído os pedidos de "favores" que eram demandados quando as pessoas pareciam disponíveis no escritório.

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Escritório vazio durante a pandemia em São Paulo. Foto: Daniel Teixeira/Estadão-13/4/2020

Os profissionais também têm conseguido focar em atividades que sejam essenciais ou importantes. Enquanto em 2013, 57% do tempo era dedicado a essas atividades, atualmente, dedicam 78% do tempo a elas. Além disso, direcionando seus esforços para atividades que seriam mais bem executadas por eles mesmos (apenas 27% do tempo têm sido dedicado a tarefas que poderiam ser realizadas por outra pessoa - índice que era de 41% em 2013). A taxa de insatisfação com as tarefas realizadas caiu pela metade.

De forma geral, a pesquisa indica que o trabalho remoto tem contribuído para direcionar o tempo para tarefas mais importantes e menor desperdício de energia em tarefas que "roubavam" tempo dos profissionais. Em contrapartida, tem sido dedicado menos tempo a solução de conflitos internos. Além disso, as interações ativas com o gestor e com a equipe têm sido mais focadas em questões imediatas do que em discussões de longo prazo, o que pode gerar problemas futuros.

O equilíbrio entre o trabalho remoto e o presencial ou ajustes que resgatem os elementos sociais e informais do ambiente profissional podem contribuir para que os benefícios dessa maior priorização do tempo sejam traduzidos em resultados para as empresas.

* Breno Paquelet é especialista em negociações estratégicas pela Harvard Business School, com educação executiva em Estratégia Empresarial no Massachusetts Institute of Technology (MIT). É professor do MBA em Gestão Empreendedora da Universidade Federal Fluminense (UFF), professor convidado da Casa do Saber/RJ e autor do livro 'Pare de Ganhar Mal' (ed. Sextante).

Opinião por Breno Paquelet
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