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Informação para sua carreira

Opinião|"Querer ir além foi determinante em minha trajetória"

Líder no Brasil de empresa israelense de aplicativo de comunicação conta por que prefere trabalhar para o 2º colocado no mercado

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Atualização:

Jéssica Kruckenfllner ESPECIAL PARA O ESTADO

O country manager do Viber no Brasil, Luiz Felipe Barros, pode surpreender pela experiência que acumula com apenas 30 anos de idade. Desde os 17 atuando no mercado de comunicação, com foco no planejamento estratégico, passou por agências de publicidade como a brasileira NBS e a Giovanni+DraftFCB, integrante de um conglomerado global. Foi diretor de planejamento da agência F.biz e diretor de consultoria digital da Acxiom, ambos para América Latina. Trabalha desde 2007 como professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e assumiu, em novembro de 2013, o comando no País do Viber, aplicativo de mensagens, ligações e vídeochamadas, com o desafio de encarar um concorrente forte, o Whatsapp, líder no segmento.

 Foto: Estadão

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Qual o principal desafio de atuar na área de comunicação? A dinâmica de mercado mudou muito em relação à velocidade. Quando eu comecei a minha carreira, nós fazíamos planejamentos anuais com seis meses de antecedência. Hoje, com a velocidade em que se propagam mensagens, o consumidor se cansa muito rápido de uma mensagem e o interesse do público muda o tempo todo. O desafio é competir com qualquer forma de entretenimento.

Qual a sua estratégia para fidelizar clientes e garantir a expansão do Viber no País? No mercado de comunicadores instantâneos, o produto sempre faz muita diferença. Por isso, um dos nossos caminhos mais importantes é o investimento na melhoria contínua. A partir do 2º semestre, por exemplo, nós temos lançamentos muito agressivos previstos. Um deles já foi divulgado, que é o ingresso na área de games. A outra novidade não será revelada ainda, mas é um recurso inédito e muito inovador. Nós também estamos investindo na construção de uma marca, uma marca que o consumidor se identifique, que represente um lifestyle e que ele se orgulhe de mostrar para as pessoas que ele usa. Isso é decisivo para manter a empresa no mercado atualmente?Isso é completamento decisivo em um mercado que não tem barreira de saída. Para o usuário mudar de aplicativo, basta fazer um download, sem qualquer custo. Por não ter essa barreira, é preciso criar primeiro benefícios que ajudem a reter esse consumidor e depois, construir uma marca que nos dê espaço suficiente para cativá-lo.

O que é preciso para ser bom presidente ou country manager? Para um country manager, mais do que comandar a operação e conduzir a estratégia, é preciso exercer o papel de porta-voz da cultura local. Hoje, no Viber, nós temos um produto global, o mesmo no mundo inteiro. Mas cada mercado tem sua particularidade, seus hábitos e forma de uso. Por isso, é preciso ter a sensibilidade de entender como adequar a mensagem global, as crenças e a estratégia de marca da empresa para cada mercado. Isso mostra muito para o nosso consumidor, mostra o quanto estamos dispostos a trazer o que ele de fato quer.

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A quais fatores você atribui os bons resultados da sua carreira? Apesar de ter começado a minha carreira como um planejador de comunicação, eu sempre quis aprender mais, para me tornar um profissional mais completo. Porque é muito comum quem trabalha com comunicação, principalmente um publicitário, manter o foco apenas nas competências da área em que atua. Como eu sempre quis ir além disso, acho que esse foi um dos fatores mais determinantes na minha carreira.

Quais estratégias você adotou ao assumir o cargo em uma empresa em plena expansão Passei por uma situação muito interessante, porque assim que eu assumi o Viber, eu tinha acabado de ser pai de gêmeos. Então eu tinha como desafio equilibrar a minha vida pessoal e profissional, de um jeito que eu conseguisse sempre manter o foco e também ter tempo para a minha família. Como a nossa sede fica em Tel Aviv (Israel), uma das estratégias foi começar a trabalhar bem mais cedo, mudança possível pela diferença de fuso. A paternidade me ajudou a trabalhar muito mais focado. Porque você quer continuar tendo um desempenho acima da média, porque tem objetivos agressivos, mas ao mesmo tempo quer participar da criação dos seus filhos e estar com a sua família. Com isso, seu tempo de trabalho é muito mais produtivo.

Para você, é obrigatório ter experiência internacional para ocupar de líder em gestão? Não necessariamente. A minha experiência internacional fez pouca diferença na minha contratação pelo Viber. Quando a empresa veio para o Brasil, queria um brasileiro com profundo conhecimento da cultura do País. Mas eu tenho certeza de que essa experiência faz diferença no meu dia a dia, porque ajuda na minha relação com outros country managers e com o time global, para entender a dinâmica e saber como atuar de forma mais eficiente. Mas não necessariamente é o que a empresa está procurando.

Como o Viber atua na gestão de pessoas? Há uma preocupação com a retenção de bons profissionais na empresa? Apesar de o Viber pertencer a uma empresa global bastante sólida, a áurea de startup permanece com duas crenças. A primeira é só contratar os melhores, pessoas de alto desempenho, dedicadas e que querem transformar o mercado de alguma forma. E uma segunda crença, que não é tão comum nas empresas, mas que para nós é fundamental: contratar as melhores pessoas para se relacionar, para ter um bom ambiente de trabalho. E ter sido pai na mesma época em que assumi o cargo me tornou um gestor mais humano e mais atento ao meu time.

Qual o perfil do profissional que atua em empresa global? Existem perfis diferentes em empresas globais. Eu trabalhei em multinacionais e hoje eu vivo num ambiente de startup, com um clima e uma dinâmica muito diferentes. Mas o que eu acho é fundamental em qualquer empresa é a adaptabilidade. O cenário global, econômico e da própria empresa muda muito rápido. É preciso ser capaz de se adaptar a esses cenários e de uma certa forma, ser resiliente, não deixar que as mudanças que não são diretamente favoráveis afetem o seu ânimo. Ter a capacidade de ser eficiente e dedicado, entregando o melhor do seu trabalho, apesar de qualquer mudança no cenário, é fundamental.

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Qual é o seu maior desafio neste momento da carreira? Eu sempre gostei de trabalhar para o número 2 do mercado, para o desafiante e não o líder. Porque você tem de se esforçar mais, você precisa ser mais ousado, mais agressivo, mais estratégico e mais criativo. O Viber é o número 2 no mercado brasileiro e é um desafio muito grande mudar um hábito. Mas não é um desafio impossível, a exemplo do Orkut, que era líder e não existe mais.

Qual o conselho que você dá para quem está começando a carreira Eu acredito que a diversificação é muito importante, porque não só prepara, como abre a sua cabeça. Como planejador de comunicação, por exemplo, entender melhor o papel da mídia ou entender as demandas da área de criação tem um impacto muito positivo. Muitas vezes eu não sou o consumidor do produto que eu vendo. Por isso, me despir dos meus preconceitos, ser curioso para ir mais fundo no assunto é algo que sempre faz muita diferença na área em que você atua.

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