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Opinião|Seleção e contratação recorrem a startups

Empresas nascentes têm soluções para empresas acertarem na contratação de profissionais competentes e compatíveis com a cultura corporativa

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Lachalan de Crespigny. Foto: Lais Palma/Divulgação

Matheus Riga/Especial para o Estado Currículos em excesso para analisar e efetivação de candidatos que não se encaixam no perfil da vaga ou empresa. Esses são alguns dos grandes desafios que os profissionais de contratação enfrentam durante o processo seletivo. Por conta dessas e outras dificuldades enfrentadas pelo setor de recursos humanos, companhias de pequeno e grande portes têm contratado as HRtechs, startups de soluções digitais para RH.

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De acordo com estudo feito pela IBM e divulgado em março de 2017, 66% dos 6 mil CEOs entrevistados afirmaram que acreditam no potencial da computação cognitiva para transformar o setor de RH. Além disso, 40% dos participantes da pesquisa disseram que, em até três anos, esperavam que suas empresas adotassem soluções desse tipo para essa área.

Neste cenário, a startup de venda e compra de automóveis 123Carros é um desses exemplos. O grande esforço para filtrar os currículos recebidos e identificar quais dos pretendentes tinham um perfil adequado para a empresa fizeram com que ela investisse em sua área de recursos humanos.

Momento econômico

Para o coordenador de produtos e marketing da startup, Daniel Konskier, o momento econômico atual do Brasil não tem favorecido os setores de contratação das empresas. "Em razão do alto desemprego, as pessoas têm se candidatado para muitas coisas, mesmo não tendo o perfil da vaga", afirma. "Esse comportamento causava um grande trabalho na hora de analisar cada candidato."

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A escolha da 123Carros para evitar esse desgaste foi contratar uma outra startup, a Revelo. No mercado desde 2014, a companhia criou uma plataforma que seleciona os melhores 5% de currículos disponíveis para uma determinada vaga. O software é capaz de detectar padrões de comportamento e as preferências de cada candidato.

Com aproximadamente 1,5 mil empresas cadastradas em sua plataforma, a Revelo recebe milhares de currículos, mas prioriza peneirar esse montante. "Ajudamos a achar os melhores candidatos disponíveis, aqueles altamente engajados e em busca de um novo emprego", afirma o cofundador da startup, Lachlan de Crespigny. Conforme as entrevistas e contratações são feitas, o sistema identifica as tendências e taxa de conversão em cargos, aproximando aqueles com melhor currículo ao que está sendo necessitado pelo mercado.

Abordagem certeira

Segundo a 123Carros , essa dinâmica da plataforma e a parceria entre as duas empresas permitiu uma abordagem mais certeira nos processos seletivos. "A Revelo nos ajuda a encontrar profissionais realmente qualificados e com a mentalidade para se trabalhar em uma startup", afirma Konskier. "Na plataforma, nós também conseguimos colocar filtros das competências que precisamos para cada vaga e isso nos ajuda muito."

Em uma escala maior, mas sofrendo das mesmas dificuldades, a empresa financeira Cielo também teve de recorrer a uma HRTec h. No segundo semestre de 2017, ela fechou parceria com a startup Gupy.

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A coordenadora de atração e seleção da Cielo, Fabiana Falcão, diz que a decisão foi ao encontro do momento que a financeira vive. "Nós estamos passando por um momento de evolução digital muito forte", afirma. "Digitalizar e automatizar processos de recrutamento foi uma das nossas ações."

Processo mais ágil

O benefício, segundo Fabiana, foi trazer agilidade ao processo. "Testes que eram feitos em várias formas, algumas presencialmente, hoje são realizados totalmente online."

A coordenadora afirma que a própria plataforma já faz um ranking dos candidatos, facilitando a visualização dos gestores de quem está melhor nos processos.

A fundadora da Gupy, Mariana Dias, diz que a chave por trás do "rankeamento" está na inteligência artificial (IA). "Nossa plataforma aprende porque alguns candidatos se saem melhor em um processo do que outros", afirma. "À medida que novas vagas parecidas aparecem, o sistema já sabe quais perfis procurar."

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Com a missão de facilitar o processo de contratação dentro das empresas, as startups de RH usam a mesma tecnologia: IA. Por trás de cada plataforma, existem robôs programados para lerem informações, preferências e movimentações dos candidatos dentro do software, a fim de conectá-lo à empresa que mais combina com o seu perfil.

Comportamento do candidato

Na Pin People, HRtech dos empreendedores Isabella Botelho e Frederico Lacerda, a missão é coletar dados que possam analisar o comportamento do candidato antes mesmo de ele se inscrever para uma vaga. O objetivo principal, conta Lacerda, era diminuir os casos de demissão por comportamento, já que muitas pessoas saíam dos empregos dois ou três meses após a contratação. "Nossa solução se baseia no jeito de ser da empresa e da pessoa para ajudar a selecionar melhor."

O processo dentro da plataforma desenvolvida por Lacerda trabalha com os dois lados da contratação. Por um lado, as empresas que se cadastram no serviço passam por uma etapa preliminar, em que sua cultura organizacional é mapeada. Para isso, colaboradores atuais da companhia e diretores são entrevistados por uma consultoria especializada em RH. Do outro lado, o candidato responde um questionário para definir o seu perfil comportamental.

Ao fim das duas etapas, há a aproximação entre os perfis das empresas e dos candidatos. "Nesse processo, levamos em conta a cultura organizacional, os valores, o estilo de trabalho", diz Lacerda. "Assim, ajudamos as companhias a ganhar em produtividade e aumentar o acerto das pessoas que são contratadas." Com base no sucesso ou fracasso das combinações, o sistema se atualiza automaticamente, melhorando seus critérios de seleção.

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Foco no público interno

Marcelo Germano (à esq,), Arthur Schwengber e Felipe Waltrick, da iFractal. Foto: Mauro José Salvalaio Júnior/Divulgação

 

 

Com um foco mais voltado ao público interno, a startup iFractal, com sua plataforma Stou, trabalha com a premissa de avaliar o clima organizacional, medindo a satisfação do colaborador com seus colegas, funções e chefes.

Desenvolvida pelos empreendedores Arthur Schwengber, Felipe Waltrick e Marcelo Germano de Oliveira, a plataforma, além de realizar perguntas sobre o dia a dia da empresa, pede aos colaboradores para avaliarem a si mesmos e a outros colegas de trabalho.

O objetivo, segundo o diretor comercial da iFractal, Oliveira, não é só ajudar a melhorar a cultura corporativa, mas também humanizar mais as relações de trabalho. "Nossa intenção é que o funcionário possa evoluir a partir da opinião das pessoas da empresa", afirma.

Além da funcionalidade de análise corporativa e avaliação de funcionários, o Stou também agrega outras funções, como controle de ponto e cadastro de atividades desempenhadas dentro da companhia.

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Leia o artigo: Inteligência Artificial no RH: Esperança ou mais poder? 

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